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Daniel Alves diz que denunciante o seguiu e que sexo foi consensual

Em ultimo dia de julgamento, técnicos forenses também entregam seus relatórios

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 fev 2024, 18h02 - Publicado em 7 fev 2024, 17h18

Daniel Alves deu seu depoimento na tarde desta quarta-feira, 7, último dia do julgamento a respeito da denúncia de estupro contra ele. De acordo com o jogador, ele havia bebido, a mulher o seguiu ao banheiro e o sexo foi consentido.

Alves relata que chegou a boate às 2h30 e que teria bebido duas garrafas de vinho e um copo de uísque. Depois de dançar com duas garotas, teria convidado a denunciante e suas amigas para se juntar a ele na área VIP da boate.  Eles dançaram e, segundo ele, em nenhum momento ela ou as amigas se mostraram incomodadas. “Sou uma pessoa muito próxima, mas com muito respeito”, afirma. Ele diz ainda que eles dançaram sensualmente e que ela teria tocado suas partes íntimas, o que o teria feito convidá-la para ir ao banheiro.

Segundo o relato ela teria entrado no reservado momentos depois dele e tudo teria ocorrido de maneira consensual. “Eu já estava saindo quando a vi entrando”, afirma. “Quando entramos no banheiro ela começou a desabotoar minha calça, eu a ajudei. Ela subiu em cima de mim e começou a me fazer sexo oral”. Depois disso, de acordo com o testemunho, ela não teria feito qualquer oposição à penetração vaginal. “Não sou um homem violento, nem sequer a agarrei pelos cabelos […] estávamos gostando”. Em outro momento, ele reafirma que o sexo foi consensual. “Ela não se apoiou na pia, não me disse que queria ir embora, eu não dei um tapa nela, não a agarrei pelos cabelos e a joguei no chão.”

Depois disso, ele teria pedido para que eles saíssem separados do banheiro. Após o episódio, ele disse ter ido para a casa encontrar a esposa.

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No fim do depoimento, Alves relembra, chorando, que se apresentou de forma voluntária no dia 20 de janeiro de 2023 e que pagou a indenização de 150 mil euros, mas que depois disso seus contratos foram finalizados e suas contas, bloqueadas, o que o teria “arruinado.”

A promotora Elizabeth Jiménez relembra o depoimento da suposta vítima, afirma que Daniel não se importou com os apelos dela e diz que é injusto culpá-la por ter entrado no banheiro voluntariamente. “Ela não brigou, é verdade, mas isso não implica consentimento”, diz ela. Para o Ministério Público, todos os testemunhos deixaram claro que a mulher ficou “devastada”. Aponta ainda que as diferentes versões do depoimento do jogador brasileiro. “Ele deu tantas declarações que já nos perdemos”, disse o representante. 

O que dizem os laudos técnicos?

Ao longo desta quarta-feira foram ouvidos médicos forenses, legistas, policia científica e biológica e especialistas em impressões digitais. De acordo com os peritos, a amostra coletada da denunciante não continha sêmen, mas tinha DNA de Alves, provavelmente obtida do esmegma, secreção pastosa encontrada no pênis.

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Um perito convocado pela defesa afirmou que suposta vitima não apresentava lesões corporais ou vaginais condizentes com a denuncia, mas um outro legista chegou a afirmar que a falta não é um prova de que não houve crime já que apenas 22% das mulheres que sofrem esse tipo de abuso as apresentam.

A psicóloga forense afirmou que o testemunho da denunciante é compatível com às conversas que teve com ela. Disse ainda que ela estava sofrendo de estresse pós-traumático. “A jovem se sentia culpada, o que é um indicador claro do estado de vítima. Isso geralmente está associado ao estatuto de vítima. Quando ela ouvia português, ficava muito nervosa. Não tinha vontade de pensar em questões relacionadas ao seu trabalho. E estava em estado de hipervigilância, com falta de sono.”

Sobre Alves, os peritos disseram que ele estava embriagado o suficiente para ter a coordenação motora afetada, mas não o suficiente para perder a noção do que é ou não correto.

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Além dos relatórios, vídeos do dia em que o crime teria acontecido também foram exibidos, mas a imprensa não teve acesso a eles.

Como foi o segundo dia de julgamento?

A terça-feira foi de prosseguimento do processo. Entre as testemunhas ouvidas, estavam funcionários da casa noturna, amigos de Daniel Alves e a esposa do jogador, Joana Sanz.

O primeiro a ser ouvido foi o diretor da Sutton, que disse que foi difícil convencer a suposta vítima, que dizia que ninguém acreditaria na sua acusação. O gerente do local afirmou que Daniel não estava agindo normalmente e, provavelmente, estava sob efeito de algo. Um assistente afirmou que a jovem sabia o que ia fazer, mas depois se arrependeu.

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O amigo do jogador, Bruno Brasil, contou que o Alves bebeu muito, que viu ele entrando no banheiro pouco antes da denunciante e que, depois de eles saírem, a suposta vítima e a prima se despediram. Ainda segundo ele, um tempo depois, eles foram embora e Daniel não disse o que ocorrera no banheiro.

Joana Sanz confirmou que ele chegou muito bêbado em casa, mas disse que não conversaram muito aquele dia “por causa do estado em que ele se encontrava”. 

O que se sabe até agora?

Alves está preso preventivamente em Barcelona, na Espanha, desde 20 de janeiro de 2023. A prisão ocorreu após uma acusação de estupro que teria ocorrido em 30 de dezembro de 2022, na casa noturna Sutton.

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A suposta vitima, que procurou as amigas e a segurança da balada logo após o ocorrido, acusa o jogador de a ter trancado e estuprado no banheiro da área VIP da boate. A equipe da balada acionou a polícia imediatamente e os oficiais colheram o depoimento dela , mas Alves já havia deixado o local quando as autoridades chegaram.

O Ministério Público espanhol pede uma pena de 9 anos e 150 mil euros de indenização por abuso sexual. A defesa da mulher, contudo, exige 12 anos de detenção. A defesa de Alves é contrária ao julgamento e pede a suspensão do processo por violação dos direitos do brasileiro, o que é negado pela secção 21 do Tribunal de Barcelona que alega que nenhuma anomalia foi observada e que o jogador tem sido assistido por seus advogados desde o início das acusações.

Hoje, a lei “só sim é sim”, aprovada com o intuito de proteger mulheres de abusos sexuais, prevê seis anos de detenção, mas Alves será julgado de acordo com as regras da época do ocorrido, quando o mínimo previsto era de quatro anos.

Como foi a repercussão? 

O caso teve extensa repercussão na mídia nacional e internacional, que foi autorizada a acompanhar a audiência. Os depoimentos das vítimas e de seus familiares, no entanto, não poderão ser gravados.

No Brasil, o caso inspirou projetos de lei para proteger mulheres em estabelecimentos privados. Com base na política de Barcelona, os projetos municipais, estaduais e federais tentam garantir que vitimas de assédio sexual ou agressões sejam rapidamente amparadas. Após o caso, uma onda fez com que diversos locais, como bares e casas noturnas, adotassem suas próprias medidas de proteção.

No final de 2023, Lula sancionou a lei “Não É Não”, que representa uma evolução na proteção das mulheres contra o assédio. O texto recebeu criticas, no entanto, por excluir do dispositivo fatos que ocorram em igrejas e cultos religiosos.

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