Pressionado, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, confirmou que está citado nos documentos do Tribunal de Zug que, na quarta-feira, revelou o escândalo do pagamento de propinas a João Havelange e Ricardo Teixeira. Pelos documentos, fica claro que Blatter sabia dos pagamentos e ainda defendeu os brasileiros na corte. Nesta quinta, em declaração ao site da Fifa, Blatter disse que nos anos 1990 o pagamento de subornos não era um crime na lei suíça e que, portanto, não tinha o que denunciar.
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Nos documentos, a corte cita um indivíduo marcado como P1. Mas diante da pressão, Blatter decidiu reconhecer que a referência no documento é sobre ele mesmo. “Sim, sou eu.” Segundo ele, a decisão de não revelar seu nome não foi dele, mas da própria corte, para proteger as pessoas que não estavam sendo acusadas. Blatter defende a ideia de que todo o documento seja publicado, sem tarjas ou letras substituindo nomes, como no caso das empresas ligadas a Teixeira ou os nomes das redes de TV que deram dinheiro aos cartolas, inclusive no Brasil.
Blatter “respondeu” às perguntas feitas por sua própria assessoria de imprens. “O senhor supostamente sabia (do pagamento de propinas)” Blatter respondeu: “Saber o que? Que comissões eram pagas? Naquela época, tais pagamentos podiam ser deduzidos até mesmo de impostos como gastos de negócios. Hoje, seriam punidas pela lei. Não se pode julgar o passado com base nos padrões de hoje. Caso contrário, acabaria como justiça moral. Eu não poderia saber de uma ofensa que na época não era ofensa.”.
O presidente da Fifa dá todos os sinais de que não levar o caso adiante. Segundo ele, a comissão de ética da Fifa apenas vai garantir que os episódios não se repitam. Sobre o futuro de Havelange como presidente de honra da entidade, Blatter diz que não tem poderes para decidir o que acontecerá com o brasileiro, só o Congresso da Fifa. “O Congresso o nomeou como presidente honorário. Só o Congresso pode decidir o seu futuro.”
Propinas – Os documentos liberados pela Justiça suíça detalham o pagamento de propina pela ISL, empresa de marketing que faliu em 2001, para membros da Fifa. Ricardo Teixeira e João Havelange estão entre os nomes que receberam milhões de dólares da ISL.
A Fifa e fez um acordo com a Justiça suíça em que os dois dirigentes brasileiros teriam admitido ter recebido propinas na década de 1990. Eles teriam pago 5,5 milhões de francos suíços com a condição de que suas identidades permaneceriam em segredo.
(Com Agência Estado)