Caso ISL: sigilo é mantido, para alívio de cartolas brasileiros
Documento que revela pagamento de propinas pela empresa de marketing deve ficar em segredo até o julgamento. Ricardo Teixeira e Havelange seriam citados
O documento sigiloso detalharia um acordo em que dois dirigentes da Fifa teriam admitido ter recebido propinas na década de 1990
O Superior Tribunal Federal da Suíça informou nesta sexta-feira que um documento que revela que membros da Fifa receberam propinas milionárias da empresa marketing ISL deve permanecer proibido de ser publicado enquanto o caso estiver sendo analisado pela suprema corte do país. A decisão é um alívio para dois ex-cartolas brasileiros – Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, e João Havelange, ex-presidente da Fifa, seriam citados como os beneficiários do esquema, de acordo com órgãos de imprensa da Europa.
Com a decisão, o tribunal concedeu um “efeito suspensivo” para as partes identificadas apenas como “B2” E “B3”, que apelaram para impedir a publicação do documento. A revista suíça semanal de economia Handelszeitung e a rede britânica BBC afirmam que os dois envolvidos são Havelange e Teixeira. O tribunal disse que a Fifa era o “B1”, mas se retirou do caso em dezembro. O documento detalharia um acordo em que dois dirigentes teriam admitido ter recebido propinas na década de 1990. Eles teriam pago 5,5 milhões de francos suíços com a condição de que suas identidades permaneceriam em segredo.
Quatro meios de comunicação suíços, incluindo o Handelszeitung e a BBC, têm procurado acesso ao documento. Eles querem descobrir se os envolvidos têm tratamento preferencial sob a lei suíça, e se outros dirigentes tinham conhecimento do pagamento de propinas. Os órgãos de imprensa conseguiram uma decisão favorável em dezembro, quando um tribunal do cantão (estado) de Zug disse que o documento era de interesse público. O veredicto do tribunal federal deve ser dado nos próximos meses.
Vingança – Presidente da Fifa, Joseph Blatter disse anteriormente que não pode cumprir a promessa de publicar o dossiê sobre o escândalo envolvendo a ISL até que o veredicto federal seja proferido. Realizar revelações sobre o caso ISL se tornou fundamental para Blatter, que prometeu combater a corrupção no futebol após uma série de escândalos envolvendo membros do Comitê Executivo da Fifa. Também é um revide do cartola suíço, principalmente contra Teixeira, com quem rompeu na última eleição da entidade. A ISL faliu em 2001, mas foi uma importante parceira de marketing da Fifa.
Teixeira renunciou neste mês às presidências da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014. Na última segunda-feira, ele deixou o seu cargo no Comitê Executivo da Fifa. Em todos os afastamentos, alegou problemas de saúde não especificados e questões pessoais. Havelange, de 95 anos, é presidente de honra da Fifa e atualmente está internado em um hospital do Rio por conta de uma infecção bacteriana. Em dezembro de 2011, ele renunciou ao seu cargo no COI citando razões de saúde, dias antes da abertura de uma investigação sobre o caso da ISL.
(Com Agência Estado)
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