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TEDx SP: como sites e bananas podem ajudar o mundo?

Por Cecília Araújo
16 nov 2009, 17h02

Mal eram 7h da manhã do último sábado e dezenas de pessoas já se dirigiam para o Teatro Anhembi Morumbi, no bairro da Mooca, em São Paulo, na tentativa de responder a uma questão ambiciosa: “O que o Brasil tem a oferecer ao mundo agora?”. Esse foi o tema da primeira edição brasileira do TEDx SP – Technology, Entertainment and Design (tecnologia, entretenimento e design) -, evento que acontece na Califórnia (EUA) há 25 anos e reúne as cabeças mais iluminadas em torno dos rumos do planeta. A proposta arranca provocações: seria o TED um “encontro genial em que pessoas geniais apresentam ideias geniais”?

Muitos dos que se inscreveram e aceitaram o convite para assistir à jornada de mais de 30 palestras incorporaram o espírito do evento e optaram pelo transporte público para chegar ao teatro – atendendo à proposta de sustentabilidade. Para garantir assento na plateia, eles tiveram de preencher um longo formulário de inscrição e convencer os organizadores de que mereciam um lugar ali. O critério de escolha: o poder de cada um deles de “espalhar ideias”, principal objetivo do TED.

A caminho do encontro, os espectadores trocaram as primeiras palavras, descobrindo afinidades. Um homem com sotaque estrangeiro conversava com uma moça que acabara de conhecer no metrô sobre o “uso de madeiras sustentáveis”. Na hora do lanche, um catarinense palestrava, diante de uma recém-conhecida, sobre o trabalho de uma ONG em que ele atuava. Um crachá enorme pendurado no pescoço de cada um adiantava em uma linha de onde vinham todos e abria espaço para o primeiro “oi”.

Foto: Fabio Borgatto/FocoEstudioDurante um dos intervalos, Eber Guny – um dos criadores do site Mochilão sem Fronteiras explicava a um estudante de gestão em políticas públicas da Universidade de São Paulo (USP) a razão da sua visita. “Tenho interesse em saber o que pessoas ‘tops’ em diferentes áreas estão pensando e fazendo.”

Uma das “tops”, a palestrante e jornalista Roberta Faria, idealizadora da revista Sorria, devolveu o elogio à plateia, ao dizer-se entusiasmada com a variedade de pessoas reunidas. “Conheci um antropólogo que é o rei dos trocadilhos: nunca ouvi alguém fazer trocadilhos tão bons na minha vida, e em várias línguas!” Ela também conversou com um psicólogo que ajuda pessoas com medo de guiar e que trabalhava como voluntário na chapelaria do TEDx SP, uma bióloga que faz uma espécie de investigação criminal marinha com corais, uma gaúcha que deixou sua pequena cidade de interior, com apenas 3.000 habitantes, prometendo voltar com a cabeça cheia de ideias.

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O sono da manhã foi sacudido com uma canção de Tom Zé, interpretada ao piano pelo jovem Vítor Araújo, de 20 anos, que substituiu palavras por música. Foi efusivamente aplaudido. A música faria ainda outras aparições no palco com a cantora Thalma de Freitas (ainda conhecida como a empregada de Vera Fischer na novela Laços de Família), acompanhada por vozes e violoncelo, e com o diretor de comerciais Jarbas Agnelli, que apresentou uma composição própria, feita a partir de uma foto que mostra pássaros empoleirados em fios elétricos. A ideia virou o vídeo Birds on the Wires, hit na internet.

Fabio Borgatto/FocoEstudioO ambientalista Oswaldo Stella subiu ao palco com outra ideia em mente. Avisou logo que deixaria de lado as apresentações baseadas em gráficos, tabelas e números. “Quando soube que iria passar um sábado de sol dentro de um teatro ouvindo palestras, não imaginava a energia transformadora dessas pessoas. Decidi falar do meu sonho.” Já dona Adozinda Kuhlmann, educadora aos 92 anos, levou o público às lágrimas: declamou 14 quadrinhas (espécie de trova popular formada por quatro versos) sobre sua profissão.

Catarses coletivas como essas não são exclusividade do TEDx SP. Um exemplo: durante uma das edições da conferência americana, o jovem William Kamkwamba, de Malawi (África), subiu ao palco para contar a emocionante história de uma invenção que transformou sua vida. Aos 14 anos, em meio à miséria, construiu um moinho para gerar eletricidade para a casa de sua família. O público se emocionou e aplaudiu de pé.

Em outros momentos, a proposta de “ideias para mudar o mundo” se mostrou mais clara no TEDx SP. A química Milena Boniolo apresentou sua descoberta: o uso da casca de banana para purificar água contaminada por metais pesados. É uma forma barata de cuidar do planeta, aproveitando um insumo que, banalmente, desperdiçamos.

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A designer Fernanda Viégas mostrou o site Many Eyes, projeto cujo objetivo é garantir uma apresentação visual agradável e inteligível a dados e até a textos. Com isso, espera-se ampliar o acesso do grande público à informação. E é possível até mesmo aproveitar modelos oferecidos pelo site: basta acessar o endereço e alimentar os moldes com dados. Poucos cliques depois, os números ganham “vida”.

Já o especialista em bioinformática Sandro José de Souza falou da importância de pesquisas brasileiras relativas ao sequenciamento do genoma humano. É trabalho que, no futuro, demonstrou o pesquisador, poderá ajudar pessoas de todo o mundo na batalha contra o câncer.

Foram exemplos de que a proposta do evento era mesmo ambiciosa (“O que o Brasil tem a oferecer ao mundo agora?”). Mas que, de fato, é possível encontrar por perto ideias que merecem ser espalhadas.

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