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‘Meu pai preferia que odiassem seus filmes a que analisassem’, diz filho de Andrei Tarkovski

Para o filho, Tarkovski usava o cinema para uma busca espiritual pelo sentido da vida, coisa que não interessa a ninguém hoje

Por Mariane Morisawa
23 out 2012, 16h43

Andrei Tarkovski, 42, tem o mesmo nome de seu pai, o diretor dos filmes de tempos largos como Solaris (1972), Stalker (1979) e O Sacrifício (1986), todos integrantes de uma retrospectiva da 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo dedicada ao cineasta russo.

Tarkovski, o filho, veio ao país para participar do lançamento de três livros sobre o pai, morto em 1986 aos 54 anos, e abrir duas exposições, Luz Instantânea: Polaroides de Andrei Tarkovski, no Masp, e O Espelho de Memórias – Exposição Internacional de Tarkovski, no Cinesesc. Levou um tempo para a direção do evento convencê-lo a tirar as polaroides do instituto fundado em Florença para preservação da obra paterna, coisa que Tarkovski só faz a cada dois anos, por causa da fragilidade das peças.

Feliz com as homenagens a seu pai, ele falou ao site de VEJA com admiração indisfarçada sobre Tarkovski Sr., de quem ficou separado dos 11 aos 16 anos, por não ter permissão de sair da União Soviética.

Renata de Almeida, diretora da Mostra Internacional de SP, precisou de muitos argumentos para convencê-lo a trazer as polaroides ao Brasil? Elas são muito delicadas, precisam de atenção. Mas logo vi que a Mostra era muito profissional. Também gostei de saber que as polaroides seriam exibidas no Masp, ao lado de mestres do Renascimento, que meu pai amava tanto. É impressionante como, apesar de a polaroide não ser a melhor câmera tecnicamente, as fotos são bonitas e se relacionam com seu cinema. Ele tinha essa visão perfeita do que queria alcançar. Eu acho que ele se expressaria bem em qualquer forma de arte, porque é uma questão de olhar.

Ficou surpreso ao saber que havia tanto interesse pela obra de seu pai no Brasil? Sim, mas cada vez mais vejo que em todos os lugares há espectadores. É uma prova de que ele pode tocar a todos. Os russos acham que Tarkovski é dos russos, mas não acredito nisso. A arte é universal. Somos todos seres humanos e sentimos da mesma maneira.

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As fotos também são muito pessoais, mostram você, por exemplo. Não se incomodou em dividi-las com o mundo? Mas seus filmes eram todos autorais e pessoais. Achávamos que ninguém além da nossa família iria entender, mas daí vem a sua grandeza. Ele tocava as pessoas. E gostava disso, preferia que alguém amasse ou odiasse seus filmes, em vez de ficar analisando.

Acha que seu pai tem algum seguidor hoje? Não acho. Claro, ninguém deveria tentar imitá-lo, foi um desastre quando aconteceu. Cada cineasta tem de encontrar o seu caminho. Mas ele levava a arte muito a sério, fazia sacrifícios pessoais por ela. E queria falar do sentido da vida, do significado da vida, como numa busca espiritual. Ninguém parece interessado nisso hoje em dia.

Você passou cinco anos separado de seu pai, quando era garoto. Como foi esse período para você? Eu odeio telefones até hoje por causa disso. Nós nos falávamos todos os dias, não era a mesma coisa, mas era o possível. Fiquei dos 11 aos 16 anos separado dele, uma idade importante na formação de qualquer menino. Isso foi perdido.

Tinha noção de que ele era um gênio? Eu sabia que ele era excepcional, mesmo quando pequeno. Comparava com outras pessoas. E não porque ele era um cineasta, porque o cinema era apenas uma ferramenta. O que ele falava era estimulante. Perder isso foi difícil. Mas essas dificuldades me fizeram ser quem eu sou hoje.

Visitava o set de filmagem quando era menor? Sim. Todos tinham muito medo dele (risos). Ele era muito exigente. Mas a equipe sabia que estava fazendo uma obra-prima, então não reclamava de trabalhar até 2 da manhã.

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Então você tinha de se comportar? Sim! Senão ele me colocava para fora (risos).

Serviço

O quê: Exposição Luz Instantânea: Polaroides de Andrei Tarkovski

Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, tel 0/xx/11 3251-5644)

Quando: de terça a domingo, das 10h às 18h. Quinta, das 10h às 20h

Quanto: R$ 15 (grátis às terças). Até 25/11

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O quê: mostra O Espelho de Memórias – Exposição Internacional de Tarkovski

Onde: Cinesesc (r. Augusta, 2.075)

Quando: todos os dias, das 14h às 21h30. Até 25/11

Quanto: grátis

O quê: lançamento dos livros Tarkovski – Instantâneos (Cosac Naify/ Mostra Internacional de Cinema, 160 pág, 48 reais), Diários – 1970/1986 (editora É, 688 pág, 159 reais), O Sacrifício (editora É, 200 pág, 89 reais)

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Quando: sábado (20), a partir das 18h30

Onde: MIS (av. Europa, 168)

O quê: Retrospectiva Andrei Tarkovski

A Infância de Ivan, de Andrei Tarkovski

Quando: domingo (21), às 14h, no Cinesesc

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Segunda (22), às 15h, na Cinemateca – Sala BNDES

Terça (23), às 14h, na Cinemateca – Sala Petrobras

O quê: Andrei Rublev, de Andrei Tarkovski

Quando: segunda (22), às 18h30, no Cinesesc

Terça (23), às 15h, na Cinemateca – Sala BNDES

Quinta (1º), às 19h20, na Cinemateca – Sala Petrobras

Dirigido por Andrei Tarkovski, de Michal Leszczylowski

O quê: domingo (28), às 20h, na Cinemateca – Sala Petrobras

Segunda (29), às 17h50, no Cinesesc

Quarta (31), às 14h, no Cinusp

O quê: Nostalgia, de Andrei Tarkovski

Quando: domingo (21), às 14h, na Cinemateca – Sala Petrobras

Terça (23), às 14h, no Cinusp

Domingo (28), às 19h, no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 4

Segunda (29), às 15h50, no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 6

Quinta (1º), às 18h10, na Matilha Cultural

O quê: O Espelho, de Andrei Tarkovski

Quando: sexta (26), às 19h30, no Cinesesc

Sábado (27), às 14h, na Cinemateca – Sala Petrobras

Quinta (1º), às 16h, no Cinusp

O quê: O Sacrifício, de Andrei Tarkovski

Quando: sábado (20), às 19h30, na Cinemateca – Sala Petrobras

Terça (23), às 16h15, no Cinusp

O quê: Solaris, de Andrei Tarkovski

Quando: sábado (20), às 18h, no Cinesesc

Domingo (21), às 15h, na Cinemateca – Sala BNDES

Segunda (22), às 19h, no Cinusp

O quê: Stalker, de Andrei Tarkovski

Quando: sábado (20), às 16h, na Cinemateca – Sala Petrobras

Segunda (22), às 18h, na Cinemateca – Sala Petrobras

Segunda (29), às 16h, no Cinusp

O quê: Programa Tarkovski 1, de vários diretores

Quando: sábado (20), às 20h30, no MIS

Domingo (21), às 21:30, no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 6

Segunda (22), às 14h, no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 5

Terça (23), às 17h10, no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 4

Sábado (27), às 18h, na Matilha Cultural

O quê: Programa Tarkovski 2, de vários diretores

Quando: sábado (20), às 14h, no MIS

Domingo (21), às 20h, na Cinemateca – Sala Petrobras

Segunda (22), às 15h, na Faap

Terça (23), às 14h, no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 5

Quarta (24), às 18h, na Matilha Cultural

O quê: Programa Tarkovski 3, de vários diretores

Sábado (20), às 16h30, no MIS

Segunda (22), às 11h, na Faap

Terça (23), às 19h, no Cinusp

Quinta (25), às 19h30, na Cinemateca – Sala Petrobras

Sexta (26), às 14h, no Cine Sabesp

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