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Hugo Pratt, o grão-mestre se revela numa exposição em Paris

Por Por Myriam CHAPLAIN-RIOU
16 fev 2012, 16h24

Porta mágica, brasões maçônicos, Abraxas (talismãs gnósticos), ritos de iniciação : Hugo Pratt, criador de Corto Maltese e membro durante 20 anos da loja Hermès de Veneza, salpicou seus álbuns de referências à franco-maçonaria que uma fascinante exposição convida a decodificar.

Intitulada “Corto Maltese e os segredos da iniciação”, a mostra será apresentada até o dia 15 de julho no Museu da Franco-Maçonaria, em Paris. E será uma surpresa para muitos visitantes descobrir um Hugo Pratt irmão, como tantos outros artistas antes dele, de Voltaire a Mozart, passando por Goethe, Kipling ou Casanova.

A exposição apresenta pranchas originais de vários álbuns, entre eles o mais maçônico, “Fábula de Veneza”, aquarelas, mas também o cordão de Hugo Pratt e dois de seus aventais maçônicos, entre eles o do grau de Mestre secreto ornado com um “Z”, inicial de uma palavra em hebraico.

Também podem ser vistas duas máscaras africanas ligadas àqueles que o inspiraram em “As Etíopes” (Corto Maltese na África) ou ainda um objeto da Nova Guiné.

O público poderá, também, admirar uma espada maçônica, carregada de história.

No dia 19 de novembro de 1976, conta Pierre Mollier, responsável pelo Museu, durante uma visita ao local da exposição, os membros da loja Hermès de Veneza tiveram a surpresa de ver o irmão aprendiz Hugo Pratt trazer uma espada de lâmina ondulante, um dos símbolos dispostos na bandeja do Venerável Mestre, na grande mesa para o ágape.

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Como foi parar nas mãos do novo iniciado? Na realidade, o irmão Pratt trouxe de volta a espada tirada por seu pai fascista, durante o saque da loja de Veneza pelas milícias de Mussolini, em 1924!

Em 1976, na Itália, era preciso coragem para se somar à franco-maçonaria, alvo de uma campanha virulenta “alimentada pelo escândalo da pseudo loja P2”, observa Luigi Danesin, ex-Grande Comendador do Conselho Supremo da Itália, recriado em “Fábula de Veniza”.

Nascido em 1927 na Itália e falecido na Suíça, em 1995, Hugo Pratt nunca “confessou” ser franco-maçom.

“Ele não respondeu explicitamente à minha pergunta entre 1987 e 1991 para duas grandes entrevistas”, destacou um de seus biógrafos, Dominique Petitfaux.

Foi seu amigo Luigi Danesin que revelou isto em 1998, na revista maçônica italiana Officinae.

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“Toda a obra de Pratt pulula de referências literárias, artísticas, cinematográficas, históricas e… maçônicas”, revela Guy Arcizet, grã-mestre do Grande Oriente da França, primeira obediência maçônica francesa.

A franco-maçonaria está certamente no centro de a “Fábula de Veneza”, mas a intriga de “El Gaucho”, do qual Pratt é roteirista, evoca uma querela entre lojas. Reencontramos, também em “As Céticas” numa cerimônia de initiação ao grau de aprendiz.

Em 1994, ele junta três suntuosas páginas numa nova edição de “Fort Wheeling”, consideradas “seu testamento maçônico”.

Pratt defende aí o humanismo e a superação de clivagens culturais, ilustradas pela ritual de iniciação de um indiano. Foi um personagem histórico que o inspirou : um iroquês chamado Thayendanegea, recebido na maçonaria, em Londres, em 1776.

Toda a obra do Mestre é irrigada por seus encontros com povos que possuem ritos de iniciação específicos, como os indígenas da Amazônia, os da América do Norte, as sociedades pré-colombianas, a África, a Melanésia e a Nova Guiné, revela ainda Guy Arcizet

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