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‘BBB18’: cachês em baixa e seguidores em alta esperam pelos finalistas

Pagamentos por presença em eventos, que antes eram de R$ 10.000, agora são de menos da metade – e eles ainda perdem trabalhos para os 'influenciadores'

Por Alvaro Leme
Atualizado em 19 abr 2018, 20h50 - Publicado em 18 abr 2018, 23h55

Quando chega ao fim uma edição do Big Brother Brasil, os participantes engrenam uma corrida contra o tempo. Nos seis meses seguintes, precisam aproveitar ao máximo a notoriedade adquirida com o programa para tentar emplacar de vez uma carreira artística ou aceitar o retorno natural ao anonimato. Quem se dá bem segue na mesma direção de gente como Sabrina Sato (dois meses depois do BBB3, ela já estava no rádio) e Grazi Massafera, ambas com cacife para cobrar 80.000 reais para passar duas horas num evento. Boa parte dos quase trezentos ex-confinados, contudo, vai na direção contrária e acaba se conformando em trocar posts em redes sociais por umas blusinhas – e olhe lá.

No caso da décima oitava edição, que chega ao fim nesta quinta-feira, o pessoal está mais perto das blusinhas modestas que das grifes luxuosas de Sabrina e Grazi. Este promete ser um ano magro para quem pretende converter a fama efêmera em lucro. O motivo está nos números das eliminações, que bateram recordes. A cearense Patrícia Leite, expulsa com o recorde de 94,26% dos votos, puxa o bloco dos rejeitados (Nayara 92,69%; Ana Paula 89,85%; Breno 88,34%; Caruso, 81,56%; Diego 81,06% e Jessica, 73,69%). Como se não bastasse o trauma de ser desprezado por tantos espectadores, essa patota ainda precisará lidar com nariz torcido dos contratantes. “Não dá para arriscar a imagem da marca”, explica Natalia Vidal, da Miss e Misses, loja do Bom Retiro, popular bairro paulistano. “Contratamos Vivian, no ano passado, e Ana Paula, no anterior, mas neste vamos pular.”

A empresária Rafaela Albuquerque, que organiza no Maranhão os eventos Casar Bem e São Luis Fashion, acrescenta outro motivo de pânico para os ex-BBBs dos tempos atuais: a ascensão dos digital influencers. “Hoje é mais eficaz contratar um youtuber”, afirma. Segundo ela, essa categoria profissional tão nova fala direto com o público, acumula grandes contingentes de seguidores em várias redes sociais e isso causa mais burburinho. “As pessoas estão mais ligadas no celular do que na televisão.” Danilo Faro, empresário que em São Paulo administra carreira de figuras como o jornalista Evaristo Costa e a cantora Jojo Todynho, além do recém-chegado modelo Lucas Fernandes, do BBB18, enxerga a internet como aliada. “Agora não dependemos apenas de presença vip, e dá para fechar trabalhos para Instagram, Twitter…”

Cachê em baixa

É uma decisão sábia buscar fontes alternativas de renda. Quatro empresários e contratantes ouvidos por VEJA dizem em coro que os cachês pagos aos brothers e sisters nunca foi tão baixo. “Cheguei a fechar ação em que Vanessa Mesquita e Clara Aguilar ganharam 10.000 cada uma apenas para dar um selinho num show”, conta Di Campagnolli, atual agente de Paulinha Leite (BBB11) e Serginho Orgastic (BBB10). Hoje, um bom cachê fica ali por volta de 4.000 reais, dos quais 20% vão para o empresário. Essa cifra se dilui em ritmo diretamente proporcional à caminhada do participante rumo ao ostracismo. O time de especialistas entrevistados para esta reportagem listou os integrantes da décima oitava edição que têm potencial para, apesar dos pesares, conseguir trabalhos. Breno foi o mais citado, apesar da eliminação com quase 90% (enfrentou o favorito Kaysar, também considerado forte comercialmente, num paredão duplo). “Ele é bonito, tem um astral legal”, explica Jotta Nunes, colunista social e promoter de Araguaína, no Tocantins.

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Nunes levou a Araguaína (localizada a 380 quilômetro da capital, Palmas) os ex-BBB Ariadna Arantes (BBB11), Jonas Sulzbach (BBB12) e Eliéser Ambrósio (BBB10 e 13). Dono de uma revista local, ele montou um stand numa feira de agronegócios e, com a presença vip, a quantidade de gente que circulou por seu espaço saltou de 1.500 para cerca de 7.000 pessoas por dia. O custo-benefício, segundo ele, é o fator mais atrativo de se contratar ex-confinados do reality. “Você contrata uma atriz, custa uns 15.000 reais, e ainda está sujeito a lidar com assessores esnobes ou cara amarrada da celebridade”, diz. “Um ex-BBB custa bem menos da metade disso e eles vêm simpáticos, sorridentes, loucos para tirar foto com o público.”

Além dos que correm atrás da fama, há também uma categoria conformada em deixar os dias de “vamos dar uma espiadinha” no passado. Natália Casassola, que além de ter participado das edições 8 e 13 apareceu em outras três, diz que hoje não vive mais de imagem. “Usei o dinheiro que ganhei para investir em construção civil. Faço imóveis populares para alugar”, conta a gaúcha de 32 anos, atualmente radicada em Florianópolis. Há gente ainda mais radical, caso de um ex-BBB que só aceitou dar entrevista se pudesse permanecer em sigilo, pois prefere não ser mais associado ao programa.

O ex-BBB ouvido por VEJA relata que a concorrência entre seus, por assim dizer, colegas de ofício é acirrada. Ele mesmo indicou uma (até então) amiga para sua agente e, ao fechar ensaio nu com uma revista, a moça exigiu exclusividade da empresária, que então o deixou a ver navios. Em outra ocasião, cruzou com um veterano participante musculoso na porta de um salão de beleza. Ao saber que rolava uma permuta no local, o rapaz não titubeou e foi atrás dos cortes de cabelo grátis que eram dele. O auge do desespero, porém, ocorre quando a pessoa, já nos estertores da celebridade, se oferece para ir de graça a eventos — e nas redes sociais dá a entender que recebeu cachê. Diante da perspectiva que se desenha num ano de tantas rejeições, não vai ser surpresa se mais gente aderir a esse truque.

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