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As crias da Flip

Como o evento de Paraty, que chega agora à sua 9ª edição, fez surgir um mercado de festivais literários inspirados no fluminense

Por Beatriz Souza
3 jul 2011, 11h14

Ao chegar à 9ª edição com programação renovada, a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), que acontece entre a quarta e o domingo próximos no litoral fluminense, não apenas se confirma como evento literário de vulto. Ela também consolida um modelo de festival que, importado do País de Gales, vem pautando e aquecendo um nicho de mercado crescente no país. De Porto Alegre (RS) a Pipa (RN), são várias as crias da Flip (vide mapa abaixo), surgidas num processo que jogou fermento também no sempre rentável segmento das feiras de livros.

A ideia central da Flip, assim como a do Hay Festival, evento de Gales em que se inspirou, é a de deslocar a discussão do mercado editorial para a literatura em si. “A intenção é focar em quem escreve e em quem lê, duas atividades solitárias que nesses momentos viram experiência coletiva”, explica Mauro Munhoz, diretor-geral da festa de Paraty. Foi para promover esse tipo de vivência no Amazonas que o escritor Tenório Teles criou a Flifloresta, idealizada após uma visita à Flip em 2008. “Nosso objetivo é promover a leitura junto aos jovens e ajudar na construção de uma consciência crítica”, diz Teles. O escritor imprimiu um diferencial ao seu festival: o de ser itinerante. Em seu terceiro ano de existência, o Flifloresta já passou por quatro cidades do interior do estado, além da capital Manaus, que recebe uma edição anual do evento.

Surgida em 2009, em Pirenópolis, no interior de Goiás, a Flipiri (Festa Literária de Pirenópolis) se valeu da semelhança de sua cidade-sede com Paraty para replicar o evento fluminense. “É uma cidade histórica, do ciclo do ouro, que conseguiu conservar bem suas tradições e arquitetura”, conta Gedson Oliveira, secretário de cultura da cidade. A cidade histórica como palco também se tornou característica da Fliporto (Festa Literária Internacional de Pernambuco), que teve início da litorânea Porto de Galinhas, em 2005, e no ano passado se transferiu para Olinda.

Para Flávio Moura, curador da Flip entre 2008 e 2010, esses encontros entre público e escritor – e o sucesso que vêm fazendo – mostram que a relação do brasileiro com a literatura vai além daquilo que os números de vendas dizem sobre o nosso mercado, famosamente acanhado. E afirma que a Flip é importante não apenas pelo que criou, mas também pelas oposições que gerou, todas partes de um mesmo debate e todas capazes de movimentar o mercado literário. “Em alguma medida, todos os festivais literários dialogam com a Flip, seja para nela se inspirar ou para dela questionar o formato.” Mauro se refere, por exemplo, à Off Flip, que acontece em Paraty simultaneamente ao evento original. Sua intenção é a de dar destaque a produção alternativa nacional, o que serviria de contraponto aos grandes nomes internacionais que a Flip traz para suas mesas de debate.

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Feiras aquecidas – Apesar de terem um objetivo diferente, o de vender, as feiras de livro também foram impulsionadas em decorrência da Flip. O Circuito Nacional de Feiras de Livros, uma iniciativa da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e da Fundação Biblioteca Nacional (CBL), vai realizar 75 eventos de pequeno, médio e grande porte até o fim deste ano, em todo o país. A previsão, segundo Karine Pansa, presidente da CBL, é de pelo menos dobrar esse número até 2014. Empresas que investirem na ampliação do Circuito poderão abater de seus impostos 100% dos investimentos em patrocínio a eventos literários enquadrados na Lei Rouanet.

Segundo pesquisa do Instituto Pró-Livro, 8,1 milões de leitores compram livros em feiras, movimentando, por ano, 100 milhões de reais. “É a divulgação e a promoção da literatura de maneira positiva”, afirma Karine. Para ela, os festivais literários funcionam como instrumentos de democratização do acesso à leitura. “Eles têm grande importância por fazer a aproximação entre escritores e público. É esse encontro que faz com que aquela pessoa que não tinha uma relação muito próxima com os livros passe a se interessar mais”, explica.

E a transformação não é só entre aqueles que visitam os festivais. Os moradores, mesmo que sem intenção, vivenciam essa relação com a literatura. “O encontro é favorável para os dois lados: a cidade se beneficia do evento e o evento se beneficia da cidade”, diz Mauro Munhoz.

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