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Soluções geniais: será que são geniais mesmo?

Prefeitos vivem às voltas com provedores de produtos, serviços e ideias para melhorar a educação. Antes de implementar as mudanças, porém, é preciso considerar se elas podem, de fato, melhorar o desempenho dos alunos

Por João Batista Araujo e Oliveira
5 mar 2015, 16h18
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  • Este é o nono de uma série de dez artigos a respeito de medidas eficazes que o prefeito pode implementar a curto prazo, com poucos recursos, como estratégia de inicar um processo de mudança. Nenhuma dessas medidas, isoladamente ou mesmo em conjunto, assegura a formação de uma rede de ensino de alta qualidade. Mas todas elas constituem ações relevantes em si mesmo, e que, se bem implementadas, podem servir de campo de aprendizagem e de capital político para implementar reformas mais profundas.

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    Seja por iniciativa própria, seja por iniciativa externa, os prefeitos vivem às voltas com provedores de produtos, serviços e de boas, maravilhosas ou geniais ideias para melhorar a educação. Elas podem vir do MEC, das Secretarias Estaduais, de órgãos públicos diversos, universidades, ONGs, empresas privadas, voluntários, instituições educacionais diversas ou provedores de bens e serviços. Algumas dessas propostas vêm vinculadas a outros serviços, favores ou interesses. São inúmeras as tentações que vêm junto com o glamour da proposta, promessas de resultados maravilhosos ou benefícios diversos. Por vezes é o próprio Prefeito que se encanta com uma ideia e quer implementá-la a qualquer custo – afinal, ele foi eleito…

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    Ouvir as pessoas é sempre bom. Saber das coisas pode sempre ser útil. Não há razão para o Prefeito deixar de receber as pessoas – exceto no caso de agenda cheia, ou quando o assunto for de outra alçada. Quase sempre o que acontece é o contrário – o Prefeito tem agenda cheia e precisa selecionar o que vai poder ouvir. A presente reflexão tem por objetivo ajudar o prefeito a estabelecer critérios para saber quando lhe compete entrar no assunto e quando lhe cabe tomar iniciativas. O critério de base é o mesmo que orienta todos os capítulos desta série: o que faz diferença na vida do aluno?

    O critério para avaliar qualquer ideia de reforma ou de intervenção em educação é saber se ela muda o que acontece na sala de aula e, se mudar, se isso melhora o desempenho dos alunos. A esmagadora maioria das ações e decisões tomadas de fora da escola, ou mesmo dentro da escola, não mudam o que acontece na sala de aula. Consequentemente, é recomendável muita prudência antes de tomar qualquer decisão, pois é enorme a chance de não haver resultado, a única certeza são os custos.

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    Prudência não é sinônimo de medo, prudência requer discernimento. Ela requer coragem para identificar os grandes problemas e procurar soluções que podem ajudar a resolvê-los. Mas às vezes são as soluções que encontram os problemas. Na miriade de propostas que os prefeitos ouvem – ou deixam de ouvir – pode haver soluções potenciais para problemas conhecidos ou para problemas que não haviam sido aflorados. Não tem nada errado com isso, o processo decisório tem várias formas de proceder. É disso que vamos tratar.

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    O Prefeito que tem clareza sobre quais são os problemas graves que ele deve resolver pode se beneficiar muito de ouvir e analisar sugestões e propostas. Ele pode ser proativo selecionando quem ele quer ouvir. Ouvindo com atenção e perguntando com perspicácia, ele identifica potenciais soluções, que ele poderá implementar sozinho ou com a ajuda do interlocutor. Ele também pode aprimorar sua capacidade de eliminar falsas pistas – perguntando por evidências, exemplos, custos, dificuldades de implementação.

    Todos nós usamos regras para simplificar nossa vida e nosso processo de decisão. Eis algumas que podem ajudar o Prefeito na sua interlocução com os provedores de soluções:

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    O que o prefeito pode fazer para transformar a educação?

    Nas raras ocasiões em que o Prefeito se convencer de que algo vale a pena, vale a pena considerar dois passos adicionais.

    O primeiro é o nível de relevância: isso é algo que pode mudar o vetor da educação? O nível de qualidade? É algo que pode mudar a rede? Isso muda o que acontece na sala de aula e vai melhorar a aprendizagem dos alunos? Qual a evidência?

    Nesses casos – raros – a intervenção do prefeito para implementar a ideia pode ser essencial, inclusive para superar eventuais resistências que o Secretário enfrentaria se tivesse que decidir sobre o tema. Se a resposta for positiva, o passo seguinte implica envolver e mobilizar o Secretário de Educação para implementar o que ficar decidido. A conveniência, necessidade e forma de comunicação e consulta a diretores e/ou professores depende da natureza do problema e da intervenção. Se for um caso de UTI, por exemplo, não se costuma perguntar ao paciente o que ele acha do remédio ou da dosagem.

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    O segundo é o nível de interesse: isso é algo que parece interessante, mas que não faz parte do pequeno conjunto de itens essenciais para toda a rede. Se o Prefeito estiver convencido da utilidade, poderá estimular a disseminação da proposta as escolas, que, nesses casos, e com seus recursos, poderão adotar essas ideias.

    Menos é melhor do que mais: quanto mais rigoroso e bem planejada uma rede ensino, menos ela deve estar sujeita a interferências do Prefeito. Mas há casos – e esses são ainda muitos, no Brasil – em que as coisas só irão mudar se os prefeitos chamarem a si a identificação dos problemas e a busca de soluções. E não são raros os casos em que soluções encontram e ajudam a resolver problemas.

    João Batista Araujo e Oliveira é presidente do Instituto Alfa e Beto

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