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Três medidas para combater a evasão escolar

É possível que o problema das faltas dos alunos esteja associado à falta de professores ou à falta de cuidados na escola

Por João Batista Araujo e Oliveira
4 nov 2014, 11h11

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Ensino de qualidade

Este artigo faz parte de uma série publicada quinzenalmente em VEJA.com sobre os desafios do ensino fundamental no Brasil – e as estratégias para superá-los.

Os textos são de autoria do Instituto Alfa Beto, que promove o Prêmio Prefeito Nota 10, iniciativa que vai identificar e recompensar o município brasileiro que mantém a melhor rede de ensino. A premiação será realizada no segundo semestre.

Prêmio Prefeito Nota 10 Instituto Alfa Beto

Este é o segundo de uma série de dez artigos a respeito de medidas eficazes que o prefeito pode implementar a curto prazo, com poucos recursos, como estratégia para iniciar um processo de mudança. Nenhuma dessas medidas, isoladamente ou mesmo em conjunto, assegura a formação de uma rede de ensino de alta qualidade. Mas todas elas constituem ações relevantes em si mesmo e que, se bem implementadas, podem servir de campo de aprendizagem e de capital político para implementar reformas mais profundas.

Leia os artigos anteriores da série

Não faltam problemas para o prefeito resolver: construir e reformar escolas, cobrir furos no orçamento, encaminhar legislação para isso ou aquilo, acertar o reajuste salarial dos professores, comprar uniforme, organizar o transporte escolar etc. Poucos desses assuntos ajudam a melhorar a educação. Neste artigo, apresentamos uma sugestão de estratégia para o prefeito se aproximar dos verdadeiros problemas da educação e, a partir de um exemplo, começar um processo de mudança.

O procedimento geral a ser seguido é conhecido: diagnóstico, análise das causas, busca de soluções, estratégia de implementação, implementação, acompanhamento, controle e avaliação.

A escolha do problema deve ser cuidadosa e estratégica. Por exemplo, é possível que grande parte da ausência dos alunos esteja associada à ausência de professores ou à falta de cuidados na escola. É mais estratégico e menos conflitivo tratar do problema com foco no aluno do que com foco nos professores ou no diretor. No fim, vai sobrar para eles, mas de forma indireta. Dessa forma, a escolha estratégica do problema ajuda a viabilizar a solução reduzindo possíveis focos de resistência e conflito.

O critério para sucesso também deve ser fixo: o benefício do aluno. Esse deve sempre ser o alvo e deve ser quantificado e demonstrado.

Voltemos ao problema de ausência dos alunos. A análise dos dados mostra que isso é específico de um dia da semana – e o problema pode estar ligado a uma feira ou atividade produtiva local. Ou o problema é específico de uma estação do ano – em que há turismo ou chuvas. Ou o problema é maior num turno do que em outro. Ou numa escola mais do que em outra. Ou, ainda, com um professor, mais do que outro. Só um diagnóstico bem feito permite traçar estratégias de solução. Conversas sobre causas gerais normalmente levam à busca de bodes expiatórios, e não à identificação de causas e soluções.

Nesse caso específico, há três elementos sempre presentes:

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1. A norma sobre ausência deve ser tolerância zero. Estudar é dever do aluno, portanto a frequência é obrigatória. Meta para frequência escolar é de 100%, igual à frequência dos pais e dos professores ao trabalho. Estudar é o trabalho da criança, a única forma de trabalho infantil permitida por lei. Mas é trabalho

2. As soluções quase sempre já foram encontradas por algum professor ou diretor. Por isso, os diretores e professores com menos alunos ausentes ou que combateram o problema devem ser consultados e ouvidos. Se não há solução conhecida na cidade, haverá na cidade vizinha

3. A solução só será duradoura se houver efetivo acompanhamento e cobrança de resultados. Uma reunião mensal para analisar e comparar os dados das escolas e trocar informações e experiências pode ser suficiente, desde que haja uma associação objetiva entre medidas tomadas e mudança na taxa de ausência. Há ideias maravilhosas que simplesmente não funcionam. Em alguns casos, incentivos e punições para alunos, pais e escolas podem ser adequados ou mesmo necessários

Num caso como este, e quando o setor da educação não conseguir vislumbrar o problema, sua gravidade ou soluções, o importante é que o setor de educação aprenda com o prefeito a seguir procedimentos de gestão eficiente, estabelecer metas viáveis e acionar meios para corrigir os rumos, até atingir as metas. Esta é uma experiência que falta à maioria das secretarias de educação. A exemplo do governo federal, metas são estabelecidas sem qualquer critério, não há instrumentos para acompanhar e, sobretudo, não há meios para promover os ajustes que levam aos resultados.

João Batista Araujo e Oliveira é presidente do Instituto Alfa Beto

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