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Planejamento estratégico também pode ajudar a educação

Redes municipais traçam estratégias para aprimorar o ensino a partir do monitoramento do desempenho de seus estudantes. O fruto: melhores notas

Por Bianca Bibiano
26 set 2014, 07h42
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  • As melhores escolas públicas

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    VEJA.com viajou 10.000 quilômetros pelo Brasil para entender como alguns municípios conseguem escapar à tragédia do ensino nacional. As redes de educação dessas cidades fazem parte de um grupo seleto que obteve as 20 maiores notas na Prova Brasil – principal avaliação nacional do ensino fundamental.

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    As descobertas desta cobertura serão publicadas ao longo das próximas semanas. Confira as reportagens já publicadas

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    2. • A importância do currículo
    3. • Formação de professores
    4. • Infraestrutura escolar e uso do tempo em sala de aula
    5. • Participação da família

    Todos os meses, a Secretaria de Educação de Vinhedo, cidade paulista localizada a 67 quilômetros da capital, recebe um relatório sobre o desempenho de cada um dos alunos da rede municipal. No computador, as notas obtidas em provas se transformam em gráficos, que mostram a evolução dos estudantes ao longo da vida escolar. Se a nota de um deles fica abaixo da expectativa, uma equipe analisa o caso tentando encontrar possíveis causas do resultado inesperado. Tão logo o problema é detectado, estratégias são traçadas para solucioná-lo e evitar que as notas continuem caindo nos meses seguintes.

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    Esse planejamento estratégico – comum no setor privado, mas inusitado no público – é um dos responsáveis pela melhoria na qualidade da educação oferecida em Vinhedo e também em outros municípios que se destacam no cenário nacional. Em todos eles, a busca por avanços começou de maneira semelhante: as redes constataram, após avaliação feita por todos os alunos, que as escolas estavam muito abaixo da média de outras cidades e decidiram traçar um plano de metas e estratégias para alterar esse quadro.

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    As ações tomadas por Vinhedo fizeram com que o desempenho da rede local na avaliação de matemática da Prova Brasil, principal indicador de qualidade do ciclo fundamental, subisse 17 pontos percentuais em sete anos – o avanço médio nacional foi de 10 pontos. Controle de frequência de alunos e professores, reforço para estudantes com dificuldades e alterações nos planos de aula estão entre as medidas que ajudaram no avanço.

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    “Conseguimos saber pelas avaliações que a tabuada é um dos problemas recorrentes dos alunos das séries iniciais e é mais acentuado no 5º ano. Por isso, os professores passaram a se reunir para criar estratégias para ensinar o assunto em todas as séries, evitando que ele seja um problema no fim do ciclo”, diz a professora Márcia Izabel Ferrari, que leciona no 5º ano e também dá aulas de reforço de matemática na escola municipal Maria de Lourdes Von Zuben. A unidades obteve 249,58 pontos na avaliação de matemática da Prova Brasil de 2011, a maior nota da cidade – a média brasileira é de 202,7.

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    “Poucos gestores vão além das reclamações e montam um plano de ação com metas e estratégias bem definidas para melhorar. Ter uma avaliação própria da rede de ensino é imprescindível para o planejamento”, diz Neuza Chaves, pedagoga especialista em consultoria organizacional e autora do livro Gestão para Resultados na Educação. “Como as avaliações federais são feitas a cada dois anos, os gestores precisam monitorar as notas de outra maneira, para evitar que o problema se prolongue por muito tempo e fique fora de controle.”

    Além de alavancar as notas dos alunos, o monitoramento de dados educacionais também faz com que a gestão pública seja mais eficiente. Em Campo Bom, cidade da Grande Porto Alegre (RS), além de acompanhar o desempenho dos alunos em provas, a rede coleta a cada seis meses informações sobre a rotina de cada estudante: quantas horas assiste à TV por dia? Quanto tempo passa no computador? Com que frequência recebe ajuda dos pais no dever de casa? Quanto tempo leva para checar à escola? Essas informações ajudam a traçar o mapa de transporte escolar, o cardápio da merenda e o cronograma das atividades de contraturno, além de servir de recurso para os professores pensarem em aulas mais atrativas.

    “Certa vez, notamos uma súbita queda no desempenho dos alunos e um número maior de reclamações por indisciplina. Avaliamos o desempenho nas últimas provas, os planos de aula usados pelos professores e a metodologia que estavam usando, mas nada deu pistas sobre o problema. Ao analisar as informações pessoais dos alunos, descobrimos que 70% deles declararam ter ar-condicionado em casa, mesmo nas regiões mais pobres, e que o calor de 40º C que fazia naquele verão poderia ser a causa do problemas”, conta Eliane Reis, secretária de Educação de Campo Bom. O aparelho foi instalado nas escolas onde a queda das notas fora mais acentuada e, em pouco tempo, o desempenho começou a subir. “Se não tivessemos essas informações armanezadas, seria muito difícil identificar um problema como esse”, diz.

    O planejamento estratégico para garantir qualidade em todas as escolas da rede é um dos pontos analisados pelo prêmio Prefeito Nota 10, a ser conferido neste ano pelo Instituto Alfa e Beto a partir dos resultados da Prova Brasil 2013. “O bom gestor tem que ser capaz de usar os dados a seu favor. Os resultados obtidos têm que servir de motor para a mudança e de diagnóstico para otimizar tempo e recursos públicos e jamais podem ser usados para punir professores por maus resultados”, afirma João Batista Araújo, presidente do Instituto Alfa e Beto.

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