O despertar precoce das crianças para o sexo desafia professores. Nas escolas, os mestres devem evitar a repressão e, ao mesmo tempo, conduzir um processo educativo que aborde valores, diferenças individuais e crenças. Isso é fundamental tanto na infância como na adolescência, quando a questão ressurge a todo vapor.
Para tratar do assunto delicado, os professores precisam de sensibilidade e principalmente preparo, defende Cláudia Bonfim, doutora em educação sexual pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “O professor deve se reeducar e entender que, nos dias de hoje, tudo acontece mais cedo com as crianças. Não é mais como nos tempos dele”, afirma Cláudia. “Se isso não estiver claro para o mestre, a primeira reação dele diante de uma situação nova será de negação ou repressão: nenhuma dessas atitudes é eficiente para o desenvolvimento sadio do aluno.”
Birgit Mobus, psicopedagoga do Colégio Suíço-Brasileiro, reitera: “Não basta dizer a uma menina que senta no colo de um aluno mais velho que aquele comportamento é inapropriado. É preciso ajudá-la entender as dimensões daquele gesto”.
As dificuldades para lidar com as situações reais não são pequenas. Na razão do problema, estaria a falta de preparo. “Os professores precisam saber como transformar sua fala em uma ação educativa. Para isso, em geral, eles não estão capacitados”, lamenta Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan de sexualidade, consultora do Colégio Bandeirantes, de São Paulo, e coordenadora do projeto-piloto Quebra Tabu, que implementa a educação sexual em quarenta escolas da rede pública de Alagoas.
Em sua pesquisa de doutorado, Claudia Bonfim descobriu que a questão é urgente. Segundo ela, 90% dos professores entrevistados não estavam preparados para lidar com questões relativas a crescimento e sexualidade dos estudantes, embora identificassem tais fenômenos.
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