Os estudantes brasileiros com condição socioeconômica e cultural mais elevada são piores em leitura em comparação aos alunos pobres de outros países, como a China. Na disciplina Leitura, o Brasil ficou na 57ª colocação no ranking da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com nota 413 — a média geral foi 487.
A OCDE divulgou nesta terça-feira, 3, os resultados da edição de 2018 do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, em inglês), a principal avaliação de educação básica. O levantamento é realizado a cada três anos, com 600 mil estudantes entre 15 e 16 anos de 79 países.
O relatório da organização divide os alunos em quatro grupos, de acordo com as suas condições socieconômicas e culturais. Os brasileiros que alcançam o topo da pirâmide são minoria e estão entre os mais ricos. Em 2018, apenas 2% alcançou os níveis cinco ou seis em uma das matérias: contra uma média de 16% nos países desenvolvidos.
Em comparação com a disciplina leitura, a média do grupo de alunos brasileiros mais ricos é 470 pontos, o que coloca o país na 54ª posição entre os estudantes do mesmo nível socioeconômico. Entretanto, a nota é superada pela média dos alunos mais pobres de oito países: China, Estônia, Cingapura, Canadá, Finlândia, Irlanda, Coreia do Sul e Reino Unido.
Como exemplo, a nota em leitura dos estudantes mais pobres nas regiões de Beijing, Xangai, Jiangsu e Zheijang, na China, foi de 519 pontos (49 a mais do que do grupo de alunos brasileiros mais ricos). A nota média dos alunos mais ricos na mesma disciplina foi de 534 pontos.
O grupo de alunos brasileiros com condição socioeconômica inferior alcançou 373 pontos na disciplina leitura, diferença de quase cem pontos entre os mais ricos no país e de 146 pontos entre o primeiro no ranking na mesma categoria.
No resultado geral do exame, que testou o desempenho dos alunos em leitura, ciências e matemática, o Brasil ficou entre os últimos. O país subiu duas posições na avaliação de leitura, de 59º para 57º lugar; escorregou em ciências, de 63º para 66º; e tropeçou da 65ª para a 70ª posição em matemática — desde o último resultado, em 2015.