Há um ano em recuperação judicial, a empresa de calçados Via Uno encerrou nesta semana as atividades da última das três fábricas que mantinha no nordeste da Bahia, demitindo cerca de 800 trabalhadores, informou o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Calçadista (Sintracal) do Estado. Com o fechamento da unidade, a empresa deixará de ter fabricação própria e, se quiser continuar no mercado, terá de encontrar um parceiro para terceirizar sua produção.
O site da Via Uno aponta que a empresa atualmente possui 44 unidades no Brasil. Um ano atrás, eram 135 pontos de venda. Na época do pedido de recuperação, as dívidas da companhia chegaram a 240 milhões de reais. Com o fechamento das fábricas, a conta trabalhista deve aumentar, afirma o secretário-geral do Sintracal, Jurandir Souza Brito. Isso porque, na reunião que oficializou o fechamento, a Via Uno alegou que não tinha dinheiro para pagar as verbas rescisórias. Segundo Brito, a empresa deve pelo menos dois anos de FGTS aos trabalhadores. “Nem a contribuição sindical, que foi descontada dos trabalhadores, nos foi repassada”, afirmou.
Embora a Via Uno tenha intenção de manter a produção e a rede de franquias funcionando, uma fonte do setor calçadista diz que devido ao seu histórico a empresa pode ter problemas para encontrar um parceiro para suprir o estoque de suas lojas. Cerca da metade da dívida da companhia é justamente com antigos fornecedores que não receberam.
A companhia cortou cerca de 2 mil postos de trabalho em fábricas nos últimos três anos, e nesta semana desligou funcionários do setor administrativo em sua sede, no Rio Grande do Sul, com o objetivo de reduzir custos.
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Histórico – A Via Uno nasceu em 1993 focada em produtos de baixo valor agregado que atendiam o mercado multimarcas. De olho na estratégia da rival Arezzo, que desde os anos 1990 vinha investindo em uma rede própria, a empresa decidiu seguir o mesmo caminho a partir do início da década passada. A estratégia “chique” da Via Uno atingiu o ápice em 2010. A empresa chegou a 200 pontos de venda, com a proposta de vender calçados ao preço médio de 200 reais, e anunciou que a meta era atingir 300 unidades até o fim do mesmo ano, o que nunca foi concretizado.
(Com Estadão Conteúdo)
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