As vendas do comércio no Brasil se mantiveram em trajetória de queda no mês de julho. No sétimo mês do ano, as empresas de varejo no país apresentaram recuo de 0,5% nos negócios. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o terceiro resultado negativo consecutivo: a perda acumulada no trimestre é de 2,3%.
No comparativo com julho do ano passado, as vendas tiveram resultado negativo de 1%, interrompendo sequência de 15 altas seguidas. Cinco das oito atividades registraram queda.
O professor de economia do Ibmec, André Diz, afirmou que esse recuo no comércio em junho pode ser explicado pela alta taxa de desemprego no país, que diminui o poder de compra do brasileiro. “Uma taxa patinando entre 12% a 13% mostra que o mercado de trabalho não ganha tração e afeta principalmente setores que dependem de algum tipo de financiamento”, disse o professor.
Segundo ele, o que vem segurando o desempenho do comércio é segmento de supermercados. “Em julho ocorreu deflação de 2,6% nos preços dos alimentos e produtos vendidos em supermercados. Além disso, as pessoas não deixam de comprar, elas deixam de adquirir outras coisas, mas itens para a dispensa não”, ressaltou.
Diz afirmou, ainda, que o patamar de vendas de julho deste ano recuou seis anos. Segundo ele, o comércio no sétimo mês de 2018 teve o mesmo desempenho de maio de 2012. “Mostra como está desacelerando a atividade. E, ao menos que as vendas de datas comemorativas, como Dia dos Pais, Dias das Crianças e Natal, superem o desempenho do ano passado, o setor não deve continuar desacelerando. Não há perspectivas de melhora na taxa de desemprego no país nesse período”, disse. “Se isso ocorrer, as vendas no varejo devem crescer 3% este ano. Melhor que a alta de 2,1% em 2017. Mas, parece um cenário otimista demais.”
Recuo em cinco setores
Segundo o IBGE, em julho, o destaque negativo ficou por conta do setor de “Móveis e eletrodomésticos”, que caiu 4,8% em relação a junho. A categoria “Outros artigos de uso pessoal e doméstico” recuou 2,5%. “Tecidos, vestuário e calçados” caiu 1%. Juntos, os setores pesam 30% do total do varejo, segundo o instituto.
Os dados mostram ainda que, entre os setores que apresentaram queda em julho no comparativo com junho, figuram: “Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação”, com 2,7% de recuo e “Livros, jornais, revistas e papelaria”, com outros 0,9%.
Acumulado do ano
De janeiro a julho, frente a igual período do ano anterior, o volume de vendas registrou avanço de 2,3%, porém foi acompanhado somente por três das oito atividades. O acumulado em 12 meses passou de 3,6% em junho para 3,2% em julho, sinalizando perda de ritmo nas vendas, de acordo com o IBGE.
A média móvel trimestral apresentou recuo de 1,1% no trimestre encerrado em julho, sinalizando acentuação no ritmo de queda, quando comparada à média móvel no trimestre encerrado em junho. Frente a julho de 2017, as vendas avançaram 3%, décima quinta taxa positiva consecutiva. Ainda assim, o acumulado nos últimos doze meses, passou de 6,7% em junho para 6,5% até julho.