O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, telefonou para a Comissão Europeia nesta segunda-feira para discutir o impasse sobre o acordo comercial que seu país rejeitou na sexta. Durante a conversa, o presidente ucraniano recebeu a informação de que a União Europeia (UE) não vai renegociar o pacto.
Em comunicado, o executivo da UE disse que Yanukovych telefonou para José Manuel Barroso para conversar sobre o acordo com o bloco. A conversa, que durou meia hora, foi descrita como “moderada” por uma pessoa com conhecimento do caso.
Na última sexta, Yanukovych se recusou a assinar o acordo durante uma cúpula realizada na Lituânia. O líder ucraniano colocou em espera os preparativos do acordo uma semana antes do encontro, citando temores com a possibilidade de a economia de seu país pagar um alto preço com a assinatura, já que a Rússia é contrária ao acordo.
A medida deu início a uma guerra de palavras entre UE e Ucrânia, além de alguns dos maiores protestos na antiga república soviética desde 2004, quando aconteceu a Revolução Laranja, como ficou conhecida a série de protestos contra corrupção e fraude eleitoral, durante a eleição presidencial ucraniana naquele ano.
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Segundo a UE, Yanukovych perguntou a Barroso se o bloco receberia uma delegação da Ucrânia para discutir “alguns aspectos” do acordo comercial. “O presidente Barroso confirmou a prontidão da Comissão Europeia em receber tal delegação (…) ele destacou que a Comissão Europeia está pronta para discutir aspectos da implementação relacionados aos acordos já rubricados, mas não para reabrir qualquer tipo de negociações”, disse a comissão. A UE e a Ucrânia passaram anos negociado o acordo, que havia sido rubricado em março de 2012.
Rússia – Antes da cúpula da UE com seus vizinhos do leste na semana passada, Yanukovych pediu a realização da conversas entre o seu país, a UE e a Rússia para resolver as tensões comerciais. Na sexta-feira, o chefe da comissão disse que era “inaceitável” dar à Rússia o poder de algum tipo de veto num acordo bilateral com a Ucrânia, que já havia sido esboçado e iniciado.
Protestos – Durante o telefonema desta segunda-feira, Barroso também tratou da repressão das forças de segurança ucranianas contra manifestantes que protestam contra a decisão do governo de Yanukovych a respeito do acordo com a UE.
Barroso pediu aos envolvidos que demonstrem comedimento e pediu que Kiev proteja os direitos e liberdades civis de seus cidadãos. No sábado, a UE emitiu um comunicado criticando autoridades ucranianas pelo excessivo uso da força. Barroso também reiterou o pedido da UE para que investigue o uso da força pela polícia.
(com Estadão Conteúdo)