Após dias em meio ao imbróglio provocado pela indecisão grega em relação ao pacote de resgate que salvaria Atenas da bancarrota, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia já têm um novo alvo para suas cobranças: a Itália. Capitaneados pela França de Nicolas Sarkozy e pela Alemanha de Angela Merkel, os países europeus prometem acompanhar bem de perto o cumprimento das promessas italianas para reestruturar as contas de Roma.
“Tenho confiança na economia italiana, mas vamos trabalhar para que o pacote anunciado pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi seja colocado em ação”, disse Sarkozy, durante o G20. “O aspecto mais importante deste G20 será resolver a crise europeia”, endossou o presidente americano, Barack Obama.
Já nas próximas semanas, caberá a auditores do FMI e da Comissão Europeia monitorar a situação italiana. A princípio, serão enviadas missões ao país a cada três meses, com o objetivo de analisar as contas e cobrar austeridade, se for o caso. “Apesar da Grécia ter monopolizado as atenções durante os dias de G20, está claro que a grande preocupação do momento é a situação da Itália e a estabilização de suas contas”, diz um diplomata francês. “E não há outra vontade senão ver se as medidas prometidas serão efetivamente aplicadas”.
Não é por acaso: a Grécia, que representa meros 2% do PIB da União Europeia já fez um estrago e tanto com as idas e vindas do seu primeiro-ministro, George Papandreou, aquele que primeiro topou um plano de estabilização proposto pelos europeus – e endossado pelo FMI -, depois quis submetê-lo a um referendo. Com uma explosiva dívida de 1,9 trilhão de euros, a Itália pode causar estragos bem maiores, se suas contas saírem do controle.
Para não passar o recibo de uma intervenção em suas contas, semanticamente, os italianos preferem trocar a expressão “supervisão” por uma mais branda: “aconselhamento”. A realidade é que à melhor moda do que já acontece em Portugal, Irlanda e na Grécia, daqui a poucas semanas, Berlusconi terá companhia para governar a Itália.