O Brasil registrou em julho déficit em transações correntes de 9 bilhões de dólares, pior dado para o mês em cinco anos, segundo divulgou nesta segunda-feira, 26, o Banco Central. De acordo com a instituição, o desempenho é fruto de uma balança comercial mais fraca e do aumento das remessas líquidas de lucros e dividendos para fora do país.
Em julho de 2018, foi registrado 4,4 bilhões de dólares. Nos doze meses encerrados em julho, o déficit em transações correntes somou 24,4 bilhões de dólares, cerca de 1,31% do Produto Interno Bruto (PIB); até junho, o valor era de 19,8 bilhões de dólares (1,06% do PIB).
As chamadas transações correntes são compostas pela balança comercial (bens), serviços, renda primária e secundária. Basicamente, elas mostram a diferença entre o montante que entrou e saiu do país em determinado período.
De acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, “houve um aumento dos desembarques de mercadorias na última semana de julho, e também ocorreram remessas de lucros e dividendos acima do que do Banco Central estimava”, admitiu. Ele salientou ainda a contínua trajetória de déficits baixos, mas com crescimento do saldo negativo em doze meses. “Essa trajetória deve continuar em agosto. Estimamos um déficit de 4,8 bilhões de dólares nas transações correntes em agosto. Se isso se confirmar, continuará havendo um ligeiro crescimento do déficit em doze meses”, acrescentou.
O Banco Central informou também que houve redução, em julho, no saldo positivo da balança comercial de bens, de 3,5 bilhões de dólares para 1,6 bilhão de dólares. As exportações de bens totalizaram 20 bilhões de dólares, recuo de 11,1% ante o mesmo período do ano passado e as importações caíram 2,9%, alcançando 18,4 bilhões de dólares.
Na conta de serviços, que mostra o resultado líquido da diferença entre os serviços importados e exportados pelo país (como viagens internacionais, transporte e royalties), o déficit atingiu 3 bilhões de dólares no mês, 1,9% inferior ao resultado de julho de 2018.
Também foi registrado aumento no déficit em renda primária (como remuneração de trabalhadores e renda de investimentos) de 5,1 bilhões de dólares para 7,9 bilhões de dólares. Segundo o BC, a elevação decorreu de maiores despesas líquidas de lucros e dividendos, 3,1 bilhões de dólares, acima do 1 bilhão de dólares ocorrido em julho de 2018. No acumulado do ano, o déficit em renda primária totalizou 28,9 bilhões de dólares, 14,4% acima ao observado no ano anterior.
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)