Terceira colocada na disputa presidencial de 2022 e importante aliada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno, Simone Tebet assumiu oficialmente o Ministério do Planejamento e Orçamento. Durante a cerimônia de transmissão do cargo nesta quinta-feira, 5, no Palácio do Planalto, a nova ministra afirmou que os pobres serão prioridade no Orçamento do governo, mas que tem a responsabilidade de não descuidar da área fiscal.
“A ordem que recebi do presidente Lula é que a Constituição saia das prateleiras frias e dos discursos vazios e que nós possamos colocar as propostas do seu governo, do nosso governo”, disse. Segundo ela, o cidadão deve ser incluído tanto na Lei Orçamentária quanto no Plano Plurianual “para saber o que nós queremos e podemos fazer no primeiro ano, no segundo ano, nos quatro anos, e deixaremos um planejamento organizado para oito, 12, 20, 30 anos no Brasil”, afirmou. “O nosso papel no Ministério do Planejamento é, sem descuidar em nenhum momento da responsabilidade fiscal, dos gastos públicos, especialmente da qualidade dos gastos públicos, é colocar o brasileiro no orçamento”, afirmou a ministra após um longo agradecimento a senadores, ministros e a Lula e críticas ao governo de Jair Bolsonaro.
A pasta de Tebet foi desmembrada do Ministério da Economia, anteriormente comandado por Paulo Guedes e que agora conta com Fernando Haddad na Fazenda, Esther Dweck na Gestão, e Geraldo Alckmin no Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, que segundo ela formam um time para destinar recursos para os ministérios que farão as políticas públicas.
O ministério, historicamente de viés técnico, ganhará articulação política com a ex-senadora à frente das negociações. Tebet, que fica responsável pela discussão do Orçamento e terá participação na formulação de políticas e projetos de longo prazo. Segundo ela, o desenvolvimento do Plano Plurianual — que planeja políticas públicas para quatro anos — será feito não só com o auxílio de outros poderes, mas também com a sociedade civil. “Estaremos prontos para andar o Brasil, fazer audiências públicas, para colocar a opinião de toda população brasileira no PPA”.
Segundo Tebet, o cobertor é curto e a reforma tributária é fundamental para que a equipe econômica consiga planejar e destinar recursos para a realização das políticas. “Os pobres estarão prioritariamente no orçamento público. A primeira infância, idosos, mulheres, povos originários, pessoas com deficiência, LGTBQIA+. Passou da hora de dar visibilidade aos invisíveis. Tem de abarcar todas essas prioridades, sem deixar de ficar de olho na dívida pública”, afirmou.
Tebet lembrou que a missão dela e dos outros membros da equipe econômica é cuidar de uma economia que vem em momento difícil, de juros altos e que trabalharão pela estabilidade econômica, para que haja atração de investimentos para o Brasil.
“Ninguém investe no escuro. O investimento exigirá confiança e previsibilidade. Queremos e vamos garantir segurança jurídica, estabilidade econômica e segurança sóci0-ambiental para garantir emprego e renda”.
O Planejamento não era a primeira escolha de Tebet. Além de ter visão econômica mais liberal — diferentemente do comandante da Fazenda –, ela tinha preferência pelo Ministério do Desenvolvimento Social, que toma conta do Bolsa Família, que ficou com Wellington Dias (PT). A emedebista foi cogitada para a Agricultura e para a pasta de Cidades, porém, preferiu ficar na área econômica.
Segundo ela, ao afirmar a Lula que tinha divergências econômicas com a visão do governo, Lula não viu como problema. “Lula me ignorou, como se dissesse: ‘é isso que eu quero. Sou um presidente democrata. Quero diferentes para somar, pois assim que se constrói uma sociedade democrática'”, declarou Simone.