A secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, propôs nesta segunda-feira, 5, um imposto mínimo global para ser aplicado em multinacionais independentemente do local onde estão instaladas as suas sedes. No discurso feito durante o Conselho de Chicago sobre Assuntos Globais, Yellen pediu esforços e cooperação global sobre o tema para evitar uma guerra fiscal na qual os países reduzem os impostos para atrair negócios.
Trabalhada com 140 países por meio da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do G-20, a proposta envolve um tributo mínimo global de 21% pago pelas empresas multinacionais. “É uma mudança relevante no sistema tributário global. A ideia é fazer com que todas as empresas operem no mesmo cenário base e acabar com esse movimento em que elas sempre buscam se instalar no local onde paga menos impostos”, diz Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
Yellen afirmou que competitividade se trata mais de “garantir que os governos tenham sistemas tributáveis que gerem receita suficiente para investir em bens públicos essenciais e responder às crises, e que todos os cidadãos compartilhem de forma justa o ônus de financiar o governo”, e menos de como as empresas sediadas nos Estados Unidos se saem na tarifação em comparação com outras no mercado global. Na quarta-feira, a secretária se reunirá com o G-20.
Além disso, Yellen propôs um aumento dos impostos corporativos nos Estados Unidos de 21% para 28%, marcando o fim da era Trump de incentivo tributário aos mercados. O presidente anterior reduziu os tributos de 35% para 21% em sua gestão. Apesar da alta proposta por Biden, ela é melhor menor que o esperado pelos mercados, que aguardavam uma subida de 35%. A fala da secretária acontece no momento em que o governo Biden se articula no Congresso para encontrar formas de financiar o novo pacote de mais de 2 trilhões de dólares direcionado à infraestrutura. Com foco na recuperação dos empregos americanos, que continuam muito abaixo dos níveis pré pandemia, o pacote de Biden mira a construção de pontes, estradas, redes de água e de eletricidade nos Estados Unidos.
O primeiro discurso mais significativo sobre finanças globais marca um retorno dos Estados Unidos ao papel de protagonismo nas negociações mundiais. Em uma crítica à administração Trump, Yellen destacou a importância de manter os Estados Unidos próximo do cenário global, e não isolado como ocorreu nos últimos quatro anos, e enfatizou a importância de combater as mudanças climáticas, a pobreza e a pandemia da Covid-19, incentivando os países a não tirarem seus incentivos fiscais até que a crise acabe.