Sem acordo no Congresso para a lei orçamentária, o governo americano está cada vez mais próximo da paralisação parcial. Às vésperas do início do novo ano fiscal nos Estados Unidos (1º de outubro), a Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos, aprovou neste domingo uma emenda que adia o projeto de reestruturação do sistema de saúde, conhecido como Obamacare, carro-chefe da campanha eleitoral do presidente Barack Obama. Como o texto deve ser rejeitado pelo Senado, onde os democratas têm maioria, o Congresso terá pouquíssimo tempo para um novo acordo antes de 1º de outubro. Sem lei orçamentária, a partir da próxima terça-feira o governo só terá autorização para gastar o que for estritamente necessário.
Com 231 votos a favor e 192 contra, a Câmara alterou o projeto que havia sido aprovado na sexta-feira no Senado, acrescentando uma emenda que adia por um ano o início da reforma do setor de saúde, como a oferta de seguro médico para todos os americanos, prevista originalmente para vigorar já em 1º de outubro. A casa também aprovou por 248 a 174 votos a revogação de um tributo de 2,3% sobre aparelhos médicos, que havia sido criado para ajudar a financiar programas de saúde. Na mesma sessão, foi aprovado por unanimidade outro projeto de lei que garante a continuação do pagamento aos militares em caso de paralisação temporária do governo.
Segundo o líder da maioria democrata na Câmara, Harry Reid, “o Senado rejeitará um atraso de um ano na implementação da reforma de saúde e o cancelamento do imposto sobre equipamentos médicos”.
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Para Reid, a única opção que a Câmara tinha para evitar a paralisia era adotar sem reservas o plano aprovado na sexta-feira pelo Senado, que desvinculava o orçamento do debate sobre a reforma da saúde. “Qualquer membro do partido republicano que vote a favor desta lei está votando a favor da paralisação do governo”, assegurou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, horas antes da votação. Mas o partido republicano, sobretudo sua ala mais conservadora, o Tea Party, quis atrelar ao texto orçamentário medidas de cortes de gastos e redução do teto da dívida, que, por sua vez, não são aprovadas pelos democratas, fonte do impasse.
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Se confirmada, esta será a primeira paralisação parcial do governo desde o final de 1995, quando duas crises orçamentárias seguidas custaram 1,4 bilhão de dólares aos contribuintes, segundo dados oficiais. Entre alguns efeitos da paralisação parcial do governo estão o congelamento dos salários de cerca de 800 mil funcionários, o fechamento de Parques Nacionais e o atraso na emissão de passaportes.
(com agência Reuters, EFE e Estadão Conteúdo)