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Protestos e greves tomam conta de Portugal, Espanha, Itália e Grécia

Manifestações do 'Dia Europeu de Ação e Solidariedade' também são aguardadas na França e na Bélgica

Por Da Redação
14 nov 2012, 11h30
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  • Esta quarta-feira é marcada por greve geral e uma série de manifestações em diversos países europeus, sobretudo Espanha, Portugal, Itália e Grécia, no chamado “Dia Europeu de Ação e Solidariedade”. Milhões de trabalhadores aderiram a greves no sul da Europa, nesta quarta-feira, em protesto contra os cortes de gastos e aumentos de impostos que, na avaliação dos sindicatos, espalharam pobreza e aprofundaram a crise da região.

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    Na Espanha, onde a crise elevou o desemprego a 25%, acontece um dos maiores protestos. Nas primeiras horas da greve no país, 82 pessoas foram presas e 34 feridas, segundo informações do jornal El Pais. Os serviços básicos foram mantidos, mas fábricas foram fechadas e voos cancelados. Segundo o governo, as manifestações pouco prejudicaram o sistema de transporte do país até o momento.

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    “Estamos em greve para acabar com essas políticas suicidas”, disse Candido Mendez, chefe da segunda maior federação sindical da Espanha, a União Geral dos Trabalhadores (UGT).

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    A greve geral – convocada pelos sindicatos e pelas organizações sociais contra as políticas de cortes do orçamento realizadas por Madri – é a nona da democracia espanhola e a segunda da gestão do primeiro-ministro Mariano Rajoy, que assumiu o poder em dezembro. Os sindicatos majoritários que a convocaram informaram que a adesão alcançou pouco mais de 80% dos trabalhadores. Cerca de 5 milhões de pessoas, ou 22% da força de trabalho, são sindicalizadas na Espanha. Uma grande manifestação em Madri está agendada para começar às 18h30 (15h30 no horário de Brasília).

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    O ministro das Finanças espanhol, Luis De Guindos, ressaltou nesta quarta que as medidas de austeridade são a única solução para o país sair da crise econômica. A principal crítica dos espanhóis é que os bancos foram resgatados com dinheiro público, enquanto a população sofre. A Espanha decidiu também nesta semana cancelar os despejos de devedores de hipotecas de suas casas, após duas pessoas cometerem suicídio.

    Ricardo Setti: Suicídios tornam agudo o problema dos despejos na Espanha

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    Portugal – Em Portugal, o transporte público da capital, Lisboa, foi impactado pelas manifestações. O metrô está fechado, quase não há ônibus circulando na cidade e barcos para regiões próximas não funcionam. A greve geral também levou o fechamento de dezenas de escolas e não há serviços municipais de limpeza na cidade, bem como nos centros urbanos próximos. Funcionários do setor de saúde também aderiram à greve.

    As ruas de Lisboa devem ser ocupadas nesta tarde, com comícios e passeatas que foram marcados por sindicalistas. Cerca de um quarto da força de trabalho portuguesa, de 5,5 milhões pessoas, é sindicalizada.

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    Segundo porta-vozes sindicais e veículos de comunicação estatal, os maiores distúrbios, nas últimas horas, aconteceram em garagens de ônibus de Pontinha e Vimeca, em Lisboa, embora não haja informações de feridos graves nem de detenções.

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    Portugal aceitou no ano passado a ajuda da União Europeia (EU), mas ainda amarga uma economia em queda. Nesta quarta-feira, o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) divulgou a primeira estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) do país no terceiro trimestre, apontando quedas de 0,8% ante o segundo trimestre e de 3,4% em relação ao mesmo período de 2011. Entre abril e junho, o PIB português já havia caído 1,1% na variação trimestral e 3,2% sobre o mesmo período do ano anterior. Ainda segundo o INE, o desemprego alcançou novo recorde no terceiro trimestre do ano, situando-se em 15,8%, contra os 15% registrados no trimestre anterior, e 12,4% no mesmo período do ano passado.

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    O governo do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho foi forçado a abandonar um aumento planejado de encargos trabalhistas diante dos enormes protestos populares, mas o substituiu por mais impostos. As políticas de Passos Coelho foram descritas nesta semana como ‘modelo’ pela chanceler alemã, Angela Merkel, que é considerada em grande parte do sul da Europa a vilã da crise por insistir na austeridade como condição para seu apoio e ajuda da UE.

    “Estou em greve porque aqueles que trabalham estão basicamente sendo chantageados para sacrificar mais e mais em nome da redução da dívida, que é uma grande mentira”, disse Daniel Santos de Jesus, de 43, que leciona arquitetura na Universidade Técnica de Lisboa.

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    Itália – Nas cidades italianas, dezenas de milhares de trabalhadores também saíram às ruas em mais de 100 manifestações convocadas pelo maior sindicato do país, a Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL). Os estudantes uniram-se ao movimento em vários protestos contra cortes na educação.

    Em algumas cidades de maior porte, como Roma, houve enfrentamentos de estudantes com a polícia que deixaram muitas pessoas feridas. Em Turim, os estudantes entraram nos bancos Intesa Sanpaolo e no escritório do Fisco, onde queimaram documentos, o que levou a polícia a lançar gás lacrimogêneo contra eles. Além disso, policiais enfrentaram estudantes também em Milão e Brescia, na região da Lombardia, onde, segundo veículos de imprensa locais, houve prisão de três pessoas na última cidade.

    O epicentro simbólico da greve na Itália foi a cidade de Terni, na região de Úmbria, onde a secretária-geral do CGIL, Susanna Camusso, liderou a manifestação em que reivindicou respostas do governo ‘à face mais frágil do país’. Em Terni fica a fábrica de aço Thyssenkrupp, recentemente desmontada e que deixou centenas de trabalhadores desempregados.

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    Os sindicatos ainda não divulgaram dados da adesão à paralisação, que no setor privado seria de quatro horas, bem como no transporte ferroviário e naval. Já no setor público, a greve foi convocada para o dia todo, exceto no transporte local e no aéreo.

    Grécia – Confederações sindicais gregas, como a GSEE (setor privado) e a Adedy (servidores públicos), além do sindicato dos trabalhadores municipais (POE-OTA), incitam greves que acontecem desde a terça-feira. Nas primeiras horas das ações desta quarta, pelo menos seis edifícios públicos foram ocupados em protesto contra os planos de despedir 25 mil funcionários até o final de 2013, sendo que várias prefeituras iniciaram campanha de desobediência ao governo, na qual se negam a enviar uma lista de candidatos à demissão.

    Os advogados e juízes também participam da paralisação, que deverá ser estendida até final da semana. Os professores de todos os níveis educativos também interromperam suas atividades por três horas para protestar contra a redução de seus salários, o anúncio de fechamento de 2 mil escolas e os cortes no orçamento da educação.

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    Durante as três horas de paralisação, os hospitais públicos só atendem a casos de urgência. Os jornalistas, em greve parcial, só vão trabalhar na cobertura dos protestos.

    Apesar de o serviço ferroviário ter sido afetado pela paralisação, os outros modais de transporte urbano continuarão funcionando para que os manifestantes possam comparecer ao centro de Atenas e, posteriormente, retornar a seus lares. Além da paralisação, os sindicatos também convocaram as pessoas para participar de uma passeata que percorrerá o centro da capital grega e terminará em frente ao Parlamento heleno nesta tarde.

    Sindicatos de França e Bélgica também planejam paralisações ou manifestações como parte do “Dia Europeu de Ação e Solidariedade”.

    (com agências EFE, France-Presse e Reuters)

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