Preocupação com Grécia leva Bovespa a forte queda
Investidores frustram-se com reunião de líderes da zona do euro em Bruxelas e penalizam as ações de empresas brasileiras
O pessimismo impera novamente nos mercados nesta quarta-feira, levando a Bovespa a outro dia de forte baixa. O índice de referência da bolsa brasileira (Ibovespa) respondia às crescentes dúvidas sobre a permanência da Grécia na zona do euro e à percepção de que o encontro de líderes do bloco não resultará em medidas concretas para combater a crise.
Às 13h50, o Ibovespa recuava 3,27%, para 53.238 pontos, após já ter caído 2,74% na véspera. O giro financeiro da sessão era de 3,73 bilhões de reais. Até o momento, o índice acumula baixa de 13,9% no mês, que já seria o pior desempenho mensal desde outubro de 2008.
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“A expectativa positiva que foi criada no começo da semana com esta reunião dos líderes da zona do euro está sendo frustrada, com investidores agora avaliando que alguma medida só será tomada mais para frente, após a eleição na Grécia em 17 de junho”, disse William Alves, analista na XP Investimentos.
Os formuladores de política da União Europeia reúnem-se nesta tarde em Bruxelas para discutir saídas para a crise da dívida na região, que incluem a proposta defendida pelo presidente francês, François Hollande, de criação de títulos regionais subscritos conjuntamente pelos Estados membros da zona do euro. A chanceler alemã, Angela Merkel, é contra. O pessimismo com o impasse na zona do euro ofuscou os dados do mercado imobiliário nos Estados Unidos divulgados pela manhã, que mostraram que as vendas novas moradias no país avançaram mais que o esperado em abril.
“O mercado está muito volátil e o risco sistêmico se sobressai. Vemos que as variáveis externas estão interferindo muito mais na bolsa brasileira que os fundamentos das empresas”, disse Aloisio Villeth Lemos, analista da Ágora Corretora.
Por aqui, as ações do setor bancário pesavam sobre o Ibovespa, com destaque para o recuo de 6,5% do Banco do Brasil, a 20,02 reais. Itaú Unibanco caía 4,1%, a 27,38 reais, enquanto Bradesco tinha baixa de 4,5%, a 27,65 reais.
Dentre as blue chips (ações mais negociadas), OGX caía 4,8%, a 10,54 reais. A ação preferencial da Vale tinha queda de 1,8%, a 35,76 reais, enquanto a preferencial da Petrobras recuava 3,5%, a 19,03 reais.
Na avaliação da Planner Corretora, “o cenário continua negativo com as bolsas internacionais no vermelho, diante da percepção de que a crise europeia está piorando e a Bovespa deverá continuar refletindo o clima de aversão ao risco e a queda nos preços das commodities”.
(Com agência Reuters)