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Os vinhos e a Vale

O Brasil se equilibra entre a modernidade e o atraso

Por André lahóz Mendonça de Barros
Atualizado em 1 fev 2019, 07h00 - Publicado em 1 fev 2019, 07h00
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  • Foi com alguma decepção que os produtores de Portugal receberam a mais nova lista dos 100 melhores vinhos do mundo da revista inglesa Wine Spectator. Havia três vinhos portugueses na relação, menos do que os quatro da lista passada e da anterior. A mesma revista apontou anos atrás Portugal como o segundo melhor país do mundo na oferta de valor — vinhos ótimos a preços amigáveis. Embora sua produção não seja enorme — é a 11ª na escala global, bem atrás de gigantes como Itália, França e Espanha —, Portugal conquistou um lugar especial entre os apreciadores da bebida. De quebra, os vinhos são um motivo a mais para as legiões de turistas que descobriram o charme português nos últimos anos.

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    Os vinhos já haviam chamado a atenção de um dos fundadores da economia, mais de 200 anos atrás. O inglês David Ricardo é de uma geração mais nova que a de Adam Smith, o criador da ciência econômica, e é também bem menos conhecido e citado. Mas sua influência no pensamento é imensa. Ele aprofundou um dos principais insights de Smith, o benefício que o comércio traz aos países. Ricardo mostrou que as nações têm a ganhar ao se especializar naquilo em que são mais eficientes. Sua sacada foi demonstrar que o comércio é vantajoso mesmo em situações em que um país é menos eficiente em termos absolutos — basta que ele seja mais eficiente em um produto relativamente aos outros. Com isso, expandiu enormemente a compreensão das vantagens da abertura comercial. No exemplo clássico, Portugal tinha todos os motivos para fazer seus (ótimos) vinhos, aproveitando a vocação natural, enquanto a Inglaterra faria tecidos. E os dois trocariam — com ganhos mútuos.

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    O comércio avançou muito nas últimas décadas — vamos ver o que virá agora que vivemos uma ressaca na globalização. E o Brasil foi um dos vencedores: somos destaque global na produção de commodities. Lideramos a exportação de açúcar, soja, carne, frango, suco de laranja, café, celulose. Parte deve-se apenas à sorte. Temos sol, água e minérios em abundância. Mas parte é fruto de muito trabalho, por exemplo, no desenvolvimento tecnológico que está por trás do brutal aumento de produtividade do campo brasileiro. A produção de grãos quase sextuplicou de 1975 para cá, enquanto a área de terras ocupadas pela lavoura não chegou a dobrar.

    Mas convivemos ainda com o atraso, como ficou evidente na tragédia em Brumadinho. Mesmo depois de um acidente humano e ambiental gravíssimo há apenas três anos, impressiona descobrir a fragilidade a que estamos expostos num dos principais setores de nossa economia — e cujas vítimas devem passar de 300. Também empresas do agronegócio colecionam vexames ao ser flagradas violando regras de qualidade, algo obviamente menos dramático, mas que limita nosso avanço.

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    É célebre a frase atribuída ao marquês de Pombal após o terremoto e o incêndio que arrasaram Lisboa em 1755: “Sepultar os mortos, cuidar dos vivos”. Depois do choque e da operação de resgate, teremos escolhas a fazer. Já passou da hora de abraçarmos a modernidade.

    Publicado em VEJA de 6 de fevereiro de 2019, edição nº 2620

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