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O impacto da extensão dos auxílios emergenciais assinados por Trump

Em meio a crise e disputas políticas, presidente dos EUA assinou ordens com benefícios; no Brasil, governo sofre pressão por ajuda a informais

Por Luisa Purchio Atualizado em 10 ago 2020, 15h34 - Publicado em 10 ago 2020, 15h28
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  • Diante do impasse no Congresso americano para aprovar um novo pacote de benefícios aos desempregados durante a crise da Covid-19, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou de seus poderes como chefe do Executivo e assinou no último sábado uma série de decretos com auxílios. Entre eles, está o pagamento de 400 dólares aos desempregados e uma permissão para as empresas postergarem o pagamento de seus tributos. Apesar das medidas, na manhã dessa segunda-feira, 10, as bolsas americanas não ganharam o impulso esperado e operavam praticamente no zero a zero. Apesar da da ação visando a economia local, os mercados foram impactados pela nova escalada nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China.

    Em meio a 5 milhões de contaminados pela Covid-19 nos Estados Unidos, economistas analisam que essas medidas são uma tentativa do presidente Donald Trump de consertar o estrago que a pandemia do novo coronavírus fez à economia e à sua imagem. Seu pacote de benefícios é controverso e acusado pelos oposicionistas de abuso de poder por ter sido aprovado sem a concordância do Congresso. De outro lado, os benefícios são vistos como necessários para as pessoas sem trabalho cujo benefício foi encerrado no final de julho. Além disso, são importantes para manter o consumo no país e não acarretar ainda mais demissões.

    O impasse nos Estados Unidos pode ser comparado ao Brasil, ainda que em proporções muito diferentes. Aqui o pagamento do auxílio emergencial de 600 reais está garantido até agosto, mas o governo sofre pressão para estendê-lo e estuda valores menores para evitar um choque na demanda com o fim do benefício. Apesar de não haver eleição próxima, a medida impacta fortemente na popularidade do presidente Jair Bolsonaro, que tenta criar um marco de legado social, bem como agradar a base parlamentar que tenta construir para manter sua governabilidade. Diferentemente dos Estados Unidos, porém, o Brasil é um país em desenvolvimento e assumir um déficit fiscal alto é mais prejudicial à economia. Por isso, na tarde de hoje as bolsas brasileiras estão repercutindo as discussões sobre o aumento do teto dos gastos, medida possivelmente necessária para que o auxílio seja prorrogado no Brasil. O Ibovespa operava em baixa no início da tarde, a -0,48%, a 102.277 pontos.

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    GUERRA COMERCIAL

    As ordens executivas de Trump visando injetar dinheiro em sua própria economia não surtiram altos resultados no mercado financeiro americano porque na manhã desta segunda-feira, 10, o governo chinês anunciou sanções a 11 autoridades americanas, entre eles os senadores Ted Cruz e Marco Rubio, sob o argumento de estarem influenciando na soberania da China sobre Hong Kong. A decisão é uma resposta às medidas semelhantes tomadas pelo governo de Trump na sexta-feira passada, em relação a autoridades chinesas.

    Ambos acontecimentos, inclusive, estão diretamente relacionados à proximidade das eleições á Presidência, em novembro de 2020. “As eleições americanas começam a atrapalhar o mercado. Quanto mais próximos estamos do pleito, mais Donald Trump aperta o cerco contra a China. A tendência é de mais turbulência nos próximos meses, principalmente porque Trump está muito atrás nas pesquisas eleitorais”, diz Victor Beyruti, economista da Guide.

     

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    Além da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, especialistas analisam que as novas ondas da pandemia estão saturando os mercados. “São medidas necessárias, mas o Dow Jones não está mais conseguindo passar de um teto, já mostra um certo cansaço. Eu costumo chamar de efeito morfina, porque se aplica uma dose de remédio cada vez maior, mas a dor não muda”, diz o economista André Sacconato.

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