A agência de classificação de risco Moody�’s afirmou que o superávit primário do Brasil este ano deve ficar em apenas 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo da meta do governo, de 1,9% do PIB. A informação faz parte de um relatório que detalha os principais fatores que a levaram a reduzir a perspectiva do rating do Brasil. Na quarta-feira, a agência rebaixou a perspectiva da nota Baa2 do país de estável para negativa. Se o Brasil saísse da categoria Baa, isso significaria perder o grau de investimento.
No documento, a Moody’�s disse que o governo perdeu espaço de manobra no âmbito fiscal, devido principalmente a três fatores. O primeiro é o uso de receitas extraordinárias para elevar o superávit primário, que atingem quase 3% do PIB em 2013 e 2014. “Nós prevemos que, no futuro, será mais difícil para o governo aumentar ou mesmo manter tais receitas nos níveis atuais”, disse a agência.
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O segundo fator é que, com a redução da Selic, o ambiente de juros mais baixos em 2012 e na primeira metade de 2013 levou a uma redução nos custos de financiamento do governo, trazendo um alívio para as contas públicas. Com as recentes altas na taxa básica promovidas pela Banco Central (BC), esse cenário mudou, eliminando essa tendência de queda nos custos de financiamento. Com a inflação perto do teto da meta, a agência espera que as condições monetárias continuem apertadas, mantendo esses custos elevados.
Por fim, a agência cita que a decisão do governo de reduzir os empréstimos do Tesouro aos bancos estatais ajudou a conter o endividamento da administração pública. Entretanto, esse recurso também se esgotou. A Moody�’s aponta que o governo chegou a injetar recursos nesses bancos que equivaliam a quase 10% do PIB. Agora, com as quedas recentes nos repasses, esse nível caiu para apenas 0,6%. “Nós consideramos que esse nível represente o mínimo, já que é improvável que as injeções de recursos promovidas pelo Tesouro sejam eliminadas de uma vez”, explica o relatório.
(Com Estadão Conteúdo)