O plano de recuperação judicial do Grupo Rede Energia foi aprovado pela justiça nesta segunda-feira, abrindo caminho para a Energisa assumir o controle da companhia e a recuperação das oito distribuidoras sob intervenção do governo.
O controle da empresa será definitivamente assumido pela Energisa após aprovações pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o que é esperado para ocorrer ainda neste ano.
“A gente está trabalhando com essa hipótese (de assumir a empresa até dezembro). É preciso ter a transferência de controle o mais rápido possível”, disse o presidente da Energisa, Ricardo Botelho, à Reuters, ao se referir à urgência para recuperar as distribuidoras de energia do grupo.
A Energisa conseguiu a aprovação da justiça para o seu plano de recuperação judicial das holdings do Grupo Rede, no qual propõe assumir o controle do grupo e as dívidas com credores, além de um investimento inicial de 1,1 bilhão de reais para sanear das distribuidoras.
Uma fonte do governo que acompanha o caso disse que a análise da operação será tratada com prioridade e considera que a aprovação não deve enfrentar dificuldades –já que a Energisa estava em contato permanente com a Aneel e com os interventores das distribuidoras e já aperfeiçoou o plano com informações obtidas com o governo. “Diria que esse processo caminha para um bom desfecho”, disse a fonte.
Mesmo que haja um recurso questionando a decisão da Justiça de aprovar o plano, isso não impede a análise da operação pela Aneel, que pode ocorrer paralelamente.
A Energisa tem que submeter um plano para recuperar as distribuidoras – financeira e tecnicamente – ao aval da Aneel, o que pretende fazer até o final de setembro, segundo Botelho.
As distribuidoras do grupo sob intervenção do governo são Cemat (MT), Enersul (MS), Companhia Força e Luz do Oeste (PR), Caiuá (SP), Bragantina (SP), Vale Paranapanema (SP), Nacional (SP) e Celtins (TO).
A dívida total do Grupo Rede é estimada em mais de 6 bilhões de reais, mas esse valor pode mudar dependendo das condições de pagamento da dívida a serem escolhidas pelos credores.
“Está tudo equacionado com linhas de crédito e já temos os recursos aqui alinhavados disponíveis”, disse Botelho quando questionado sobre recursos disponíveis para pagamento de credores e recuperação da empresa.
No plano proposto, os credores podem receber os créditos de forma mais imediata com um desconto de até 75% no valor total. Se não quiser sofrer corte, o pagamento pode ser realizado em até 22 anos.
Os credores têm prazo de 60 dias para escolherem como querem ser pagos, segundo Botelho.
A Energisa atua no setor elétrico há 108 anos, com a família Botelho no controle desde o início das atividades. A companhia atua em distribuição de energia com cinco concessionárias, três no Nordeste e duas no Sudeste.
(Com Reuters)