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Ideia que afastou Guedes do Pactual em 1997 levou BTG a comprar Empiricus

Conheça os planos do BTG Pactual para integrar a Empiricus, e as origens do negócio que pode movimentar 3 bilhões de reais, em quatro anos

Por Luisa Purchio Atualizado em 6 jul 2021, 19h01 - Publicado em 5 jul 2021, 16h55
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  • Dificilmente, os grandes negócios têm origens em reuniões formais, agendadas com antecedência e bem planejadas. Como casamentos (ou pelo menos parte deles), os caminhos que levam ao fechamento de uma fusão e aquisição envolvem namoro, acasos, alguns conselheiros e muitas conversas – e, claro, uma boa dose de perspicácia. Em determinado momento, as partes se convencem de que seus objetivos estão alinhados em uma conclusão satisfatória a ambos e assinam os papéis. A compra de 100% do grupo Universa pelo banco de investimentos BTG Pactual seguiu este roteiro para chegar até o momento atual.

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    O Universa é detentor das empresas Empiricus, Vitreo, Money Times, Seu Dinheiro e Real Valor. A sua compra, por 700 milhões de reais,  deve movimentar 3 bilhões de reais, em quatro anos, permitindo também ao BTG continuar com a sua estratégica de fazer frente à XP. Provavelmente, a marca será preservada e a Empiricus garante que terá mantida a independência na análise, mas ainda é preciso aguardar o Banco Central autorizar a aquisição, o que deve acontecer em cerca de quatro meses. O nome da nova empresa ainda está em discussão e tem “Empiricus Investimentos” entre as opções. Os sócios fundadores da Universa, Caio Mesquita e Felipe Miranda serão co-CEOs e Rodolfo Amstalden será CFO, responsável pela área financeira, de tecnologia e administrativa. Já Patrick O’Grady deixará o cargo de CEO na Vitreo para voltar a apenas integrar o time da casa de investimentos Vectis Partners, ao lado de Sérgio Campos, Alexandre Aoude e Paulo Lemann.

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    Para chegar a esse momento de pensar no pós-fusão, a história não partiu de um único ponto inicial. Mas, de muitos, avaliam personagens que participaram das tratativas. E a melhor forma de contar isso é voltando bastante no tempo. No final da década de 1990, a ideia do então banco de investimentos Pactual se voltar para o varejo foi defendida pelo sócio fundador Luiz Cezar Fernandes, mas o momento não era dos melhores e até acarretou numa crise. A ideia era comprar o Banco de Crédito Nacional (BCN), mas os também sócio-fundadores Paulo Guedes e André Jarkurski eram contra e deixaram a sociedade com Fernandes. O estouro da bolha da internet, na virada do milênio, levou diversas iniciativas do tipo a afundarem e mostrou que pular do barco naquele momento foi uma decisão correta dos então sócios.

    Poderia ser mais um caso de ideia certa na hora errada. Afinal, com a Selic acima dos 15% ao ano (a.a.), a renda variável estava muito longe de atrair mais as pessoas físicas do que a segura renda fixa. A partir de 2006, em meio ao governo Lula, a Selic passou a cair para níveis menores e o cenário ficou mais favorável para o mercado de investimentos no país. Naquele ano, o Banco Pactual já era o líder na área de investimentos e foi vendido para o grupo suíço UBS, tornando-se UBS Pactual. Este, por vez, foi recomprado em 2008 pelo grupo de André Esteves, do BTG Investments, formando o BTG Pactual.

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    Paralelamente, já num cenário de Selic em 8,25% ao ano, em dezembro de 2009, os sócios Felipe Miranda, Caio Mesquita e Rodolfo Amstalden fundaram a Empiricus com a ideia de montar a primeira casa de análises independente do país, voltada ao varejo, e sem ligação com bancos e corretoras pré-existentes. O momento era de um mercado de varejo ainda incipiente, mas o objetivo era repetir no Brasil o boom que ocorreu no mercado de investimentos nos Estados Unidos na década de 1970. Em 2009, a bolsa brasileira possuía apenas 550 mil investidores pessoas físicas e a Empiricus, bem como as outras empresas que foram surgindo na sequência, foram ajudando a atrair esse investidor ao popularizar as informações sobre investimentos em ações.

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    Dali para cá, entre a transição do governo Lula e a reeleição de Dilma Rousseff, e a estabilização da Selic abaixo de 15%, outras empresas voltadas para o investidor do varejo começaram a pulular no país. Dentro do BTG, a ideia de se voltar para o varejo começou a despertar, em Marcelo Flora, então chefe de distribuição de fundos e renda fixa. Porém, a resistência dos acionistas era grande depois dos prejuízos no final dos anos 1990.

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    Flora, porém, não desistiu do plano e armou em 2014 um almoço que teve a participação de Roberto Saloutti, atual CEO e então membro do conselho de administração do BTG Pactual, com os co-fundadores da Empiricus Felipe Miranda e Caio Mesquita. No mesmo ano, o BTG começou a entrar na área do varejo com o lançamento do BTG Pactual Digital. Após o impeachment de Dilma Rousseff e a entrada de Michel Temer pra presidência do país, a Selic voltou a cair.

    O almoço foi um passo importante para a aproximação entre as empresas. Mas, um contrato de locação assinado em 2016 deu o tiro certo para que o BTG avançasse em seu interesse pela Empiricus, já com 145 mil assinantes e que, com um marketing agressivo, vinha de um crescimento médio anual de 389% desde 2014. No décimo andar do edifício Edifício Pátio Victor Malzoni, na Faria Lima, conhecido pelo enorme vão e onde também fica a sede do Google no Brasil, a Empiricus se instalou em um imóvel pertencente a um fundo dos sócios do BTG Pactual. Desde então, as empresas ficaram separadas por poucos metros e bastava mudar a direção ao sair do elevador para pisar na área de tecnologia do BTG ou na sede da Empiricus.

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    Em alguns desses acasos, Mesquita, CEO da Empiricus, e Saloutti, do BTG Pactual, encontraram-se nos eventos da escola dos filhos. Entre conversas sobre os planos da escola, sobrava tempo para falar sos negócios das empresas. Já com Paulo Guedes à frente do Ministério da Economia de Jair Bolsonaro, a Selic caiu para 2%, como forma de combater a crise da pandemia de Covid-19, e o cenário ficou mais promissor para o investidor de varejo.

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    Desde 2017, o BTG fez 11 aquisições. A Empiricus foi a maior delas. O banco, que era restrito aos investimentos institucionais e às pessoas com altíssima renda, hoje foca em todas as classes de interessados por fazer o seu dinheiro render. Por exemplo, após a aquisição da participação que a Caixa detinha no banco Pan, concretizada por 3,6 bilhões de reais em maio deste ano, ele chegou até às classes C, D e E.

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    Em um ano, os papéis do BTG Pactual (BPAC11) cresceram 57,9%. A ideia de diversificar e se voltar para o varejo desde que a Selic deixou os patamares estratosféricos vem dando certo e, no mês passado, a agência de rating S&P elevou a nota do banco para “AAA”.

    A estratégia de crescimento do BTG é parecida com a concorrente XP, que também chega a diversos públicos por meio de plataformas e marcas diferentes. Hoje, menos de 5% dos brasileiros investem na bolsa, enquanto nos EUA este número é superior a 50% da população, o que demonstra um horizonte promissor.

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