O governo deve reduzir a tributação sobre os combustíveis para impedir que uma eventual elevação dos preços nas refinarias chegue ao varejo, afirmou nesta segunda-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O Planalto poderá reduzir, segundo ele, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina e o diesel para compensar uma eventual decisão da Petrobras de promover os reajustes.
“Em algum momento a Petrobras poderá ter de elevar os preços, mas iremos neutralizar isso com a queda da Cide”, disse Mantega a jornalistas após participar de um evento com analistas e investidores em Nova York.
A estratégia já foi usada anteriormente pelo governo federal e nos últimos dias circularam comentários na mídia de que possivelmente voltaria a ser utilizada, já que a equipe econômica busca aliviar pressões inflacionárias e um aumento dos combustíveis no varejo seria bastante indesejável.
Mantega, no entanto, acredita que ainda não chegou o momento de a estatal mexer nos valores na refinaria. “Não é necessária uma alta imediata dos preços da gasolina”, afirmou.
O ministro acrescentou que os valores do combustível para os consumidores poderão cair um pouco nas bombas com o avanço da colheita de cana-de-açúcar. Como a gasolina contém 25% de etanol anidro, o aumento do processamento da safra e o consequente crescimento da oferta desse produto no mercado poderão derrubar seu preço – redução que também impactaria o valor da gasolina.
Última revisão – A Petrobras mexeu nos preços dos combustíveis pela última vez em junho de 2009, quando reduziu a gasolina em 4,5% e o diesel em 15%, já que os valores do petróleo haviam caído bastante no mercado internacional na esteira da crise financeira global.
Na ocasião, o governo elevou a Cide e praticamente anulou qualquer mudança no valor destes combustíveis nos postos.
Na última vez em que a Petrobras aumentou a gasolina e o diesel, em maio de 2008 (10% e 15% por cento, respectivamente), o governo havia reduzido a Cide também evitando mudanças dos preços na bomba.
A Petrobras enfrenta um cenário desafiador no mercado local em relação à gasolina, já que a demanda cresceu muito devido aos elevados preços do etanol nos últimos meses, que fizeram os donos de carros flex se afastarem do biocombustível.
A estatal precisou importar nafta, para elevar o volume de produção de gasolina em suas refinarias, e mesmo comprar diretamente gasolina no exterior, a preços elevados.
(com Reuters)