Os líderes do G20 encerraram nesta terça-feira sua reunião em Los Cabos (México) com o compromisso de impulsionar o crescimento econômico, ao mesmo tempo em que expuseram preocupação com a crise que atinge a Europa. “O G20 compromete-se a adotar as medidas necessárias para reforçar o crescimento mundial e restaurar a confiança”, diz a declaração final do evento.
“No caso de a situação econômica deteriorar-se ainda mais, os países que dispõem de margem de manobra fiscal suficiente estão dispostos a coordenar e aplicar as medidas orçamentárias necessárias para apoiar a demanda interior”, disse o comunicado. “Atuaremos conjuntamente para reforçar a recuperação e responder às tensões nos mercados financeiros”, afirma o texto.
A presidente Dilma Rousseff destacou que no G20 existe “um consenso” de que as políticas de ajuste fiscal não são suficientes para enfrentar a crise, e que deve haver espaço para estímulos fiscais aos investimentos. Existe a “percepção da importância da consolidação fiscal acompanhada de crescimento”, insistiu Dilma, que destacou que há um clima de preocupação e cooperação entre as nações desenvolvidas e emergentes ante a crise que golpeia a Europa.
Apoio para Europa – Os presidentes e chefes de estado do G20 concordaram em dar respaldo aos membros europeus do grupo.
Os líderes da Europa, por sua vez, comprometeram-se a tomar “todas as medidas necessárias para proteger a integridade e a estabilidade da zona do euro”, além de afirmarem apoio para que a Grécia permaneça na união monetária. Os Estados Unidos pediram aos europeus para que deem mais tempo aos gregos para adequarem-se às exigências feitas pelo segundo resgate financeiro internacional de 130 bilhões de euros, sem o qual o país já teria entrado em moratória.
O presidente francês, François Hollande, destacou que a Europa “deve contar com sua própria resposta” à crise, sem esperar uma “resposta do exterior”, e enfatizou a necessidade de França e Alemanha trabalharem “conjuntamente”. “É preciso afirmar a vontade dos europeus de solucionar todas as questões presentes na zona do euro”, explicou.
Posição alemã – A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu uma “mescla adequada” de reequilíbrio orçamentário e estímulo ao crescimento para relançar a economia europeia. Ela reiterou seu pedido por “uma cooperação mais profunda” entre os países do continente.
Sobre a Grécia, Merkel estimou que “as eleições não podem questionar os compromissos assumidos por Atenas”. “Não podemos pôr em perigo os passos da reforma que temos acordado”, reiterou. “O governo grego tem de cumprir e cumprirá seus compromissos”.
Rodada Doha – Nas discussões sobre o comércio, a presidente Dilma pediu aos sócios do G20 disposição para relançar a Rodada Doha de liberalização comercial da OMC em 2014. “O Brasil propõe que em 2014 seja reaberta a discussão da Rodada de Doha”, disse aos jornalistas. “Não aceitamos prorrogar por prorrogar”, acrescentou. As negociações foram bloqueadas pela questão dos subsídios agrícolas dos países ricos.
Dilma, que deixou Los Cabos antecipadamente devido à Rio+20, afirmou que no G20 muitos países compartilham dessa posição sobre 2014 como data limite para que sejam estabelecidas novas negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). “Caso se prorrogue isto, não haverá Doha”, advertiu sobre as negociações para promover o comércio mundial.
(com Agence France-Presse)