Em um cenário de extrema volatilidade, o euro caiu abaixo da paridade em relação ao dólar nesta quarta-feira, 13. A equiparação é a primeira em quase duas décadas, sendo um dos sinais para uma intensa recessão econômica no continente europeu. A moeda adotada por 19 países chegou a ser negociada em 0,998 dólar, nível mais baixo desde dezembro de 2002. A proporção exata entre as duas moedas foi atingida brevemente na última terça, 12, e desde então tem havido variação acima da média.
O motivo para essa volatilidade inclui diversos fatores. A guerra na Ucrânia provocou crise no fornecimento de combustível, atingiu o mundo todo, em especial, os países com maior dependência do petróleo russo. Na Europa, essa lista tem Hungria, Polônia e Lituânia, chegando a até 83% de dependência, segundo a Agência Internacional de Energia. Com o peso dos problemas logísticos da pandemia, a inflação de 8,6% nos países europeus tem efeito direto na crise do setor de energia, mas não o único deles.
Uma vez que os Estados Unidos também foram impactados pela crise energética, apresentando inflação recorde, o Federal Reserve – o banco central americano – se vê pressionado a continuar com o aumento na taxa de juros, para conter a escalada de preços. Esse movimento atrai capital para a maior economia do mundo, considerando os fatores de segurança no cenário de riscos e maior rentabilidade dos títulos locais com os juros elevados.
Nesse processo, não só o euro, mas especialmente moedas emergentes como o real brasileiro, são desvalorizados. “O dólar é a moeda de destino para proteção de carteiras de investimentos em cenários de incertezas”, considera Rodrigo Simões, especialista em finanças e professor da faculdade FAC-SP. Indicando maios riscos de recessão, o Índice Econômico Sentix, que mede a confiança dos investidores, coloca a zona do euro no nível mais baixo em segurança desde maio de 2020, no auge da pandemia.