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Empresários percebem alta do consumo e preparam investimentos

Dados divulgados pelo IBGE corroboram sentimento de que famílias voltaram a comprar, o que estimula o otimismo de empresários

Por Machado da Costa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 nov 2018, 14h27 - Publicado em 30 nov 2018, 10h42
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  • O otimismo parece ter voltado no meio empresarial brasileiro. Economistas e entidades de representação da indústria afirmam que o ambiente econômico melhorou em relação aos últimos anos e que estão esperançosos por 2019. Os dados divulgados na manhã desta sexta-feira 30, pelo IBGE, indicam que eles não estão errados. Com as altas dos investimentos e do consumo das famílias, espera-se um crescimento mais sustentado do PIB em um futuro próximo, alimentado pelos principais vetores da economia.

    “Nós estamos otimistas. Estamos felizes com os resultados que tivemos este ano, que está sendo acima da nossa expectativa. Percebemos que a economia, gradativamente, está se recuperando”, diz Rosy Souza, executiva da fabricante de peças para motocicletas Laquila.

    A percepção da executiva é endossada pelos dados do setor. De acordo com a Abraciclo, a associação que reúne empresas fabricantes de motocicletas, o volume de vendas acumulado entre os meses de janeiro e outubro de 2018 cresceu 10% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a associação, a ampliação do crédito e a estabilidade nos índices econômicos foram fatores que influenciaram na retomada do setor que não crescia há seis anos.

    “A inflação e o crédito não nos afeta diretamente, mas cria um ambiente favorável. Com o aumento do crédito e a queda de inadimplência, mais pessoas compram motocicletas, aumentando nosso mercado. São fatores positivos que estão orientando nossos investimentos futuros”, diz Rosy, que ampliará a filial localizada no Ceará para atender os mercados do Norte e do Nordeste.

    Ao todo, o IBGE aponta que o setor industrial teve alta de 0,4% no terceiro trimestre deste ano. No ano, ele acumula alta de 0,9%.

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    Serviços

    O setor de serviços é considerado o principal motor da economia, devido ao seu peso em consumo, arrecadação e emprego. Segundo o IBGE, no ano, o segmento cresce 1,4%. No terceiro trimestre, a alta foi de 0,5%. Um dos motivos para isso é a manutenção do crescimento do consumo das famílias. Foram 0,6% de alta no trimestre e 2% no acumulado do ano.

    Não à toa, o argentino Alejandro Vazquez, co-fundador da plataforma de e-commerce Nuvem Shop, espera um forte crescimento de sua startup. “Sinceramente, estou mais otimista. Vejo um cenário promissor principalmente para o ano que vem. A expectativa de nosso lado, como de parceiros, é que 2019 será um ano de crescimento forte e já começamos a experimentar isso na última Black Friday”, explica.

    Esse sentimento foi captado pela pesquisa de confiança empresarial, realizada pela Fundação Getulio Vargas. O indicador está no maior nível desde abril de 2014. O índice subiu 3,8 pontos de outubro para novembro e atingiu 95 pontos, em uma escala de zero a 200 pontos. Apesar de ainda estar abaixo da linha de corte de 100 pontos, que separa o otimismo do pessimismo, o indicador tem se recuperado rapidamente nos últimos meses.

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    “Estamos em um momento de bastante esperança”, diz João Carlos Mello, presidente da consultoria Thymos Energia. “Esperamos novos investimentos no setor e isso nos anima. Contudo, queremos que o novo governo consiga entender os problemas que precisam ser atacados no país, para que tenha condições de criar um ambiente econômico melhor.”

    Crescimento sustentável

    Segundo o professor de economia Alexandra Chaia, do Insper, o sentimento dos empresários é o que vai sustentar a economia nos próximos anos. “Se investirem, se comprarem estoque, eles farão a economia crescer, o emprego crescer e a arrecadação crescer”, pontua.

    Esse movimento, sustentado pela alta do consumo das famílias, criará um movimento que poderá sustentar um crescimento maior do que o Brasil tem experimentado nos últimos anos. “Isso pode fazer com que bens que necessitem de maior volume de capital, como imóveis, automóveis e eletrodomésticos, voltem a ter uma produção mais alta. Mas é preciso manter o bom humor do empresário e das famílias”, afirma.

    Ele explica que esse também é o caminho para tirar o governo do sufoco, ajudando a elevar a arrecadação e criando um espaço fiscal nas contas públicas. No entanto, ele faz uma ressalva ao futuro governo de Jair Bolsonaro. “Para esse movimento ser sustentável, o próximo governo precisa cumprir as promessas de redução de gasto público, reforma da Previdência, liberação da economia, todo um conjunto de iniciativas. Os empresários passaram muito tempo com incerteza, mas agora ele está sendo incentivado a investir. Caso ele não faça isso, esse sentimento pode reverter.”

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