O presidente do Irã, Hassan Rohani, arrancou aplausos da plateia de mais de 1.500 pessoas durante seu discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos, nesta quinta-feira. Lançando mão de argumentos moderados e negando qualquer possibilidade de uso da tecnologia nuclear para o desenvolvimento de armamentos, Rohani foi o destaque desta manhã. “O Irã nunca desejou ter armas nucleares. Elas não fazem parte de nossa estratégia de segurança. Ao mesmo tempo, não estamos dispostos a desistir do desenvolvimento de tecnologia pacífica”, afirmou Rohani. Já algumas potências ocidentais acreditam que o programa nuclear do Irã mascara uma manobra para produção de armas nucleares. Ainda nesta quinta discursarão o presidente israelense Shimon Peres e o premiê do país, Benjamin Netanyahu.
Na última segunda-feira, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), vinculada à ONU, afirmou que o país havia paralisado a maior parte de sua atividade de enriquecimento de urânio, abrindo espaço para o levantamento parcial das sanções comerciais impostas desde a década de 1980. O acordo que prevê o monitoramento da atividade nuclear foi assinado em novembro, em Genebra, pelo próprio Rohani, recém-empossado à época.
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O presidente iraniano afirmou que uma nova fase se inicia, sobretudo na atividade comercial do país. Segundo ele, é essencial que a economia iraniana avance para que sejam criados empregos que, consequentemente, tirem a juventude das ruas e do terrorismo. “Só com trabalho e oportunidades conseguiremos combater a desesperança suicida dos terroristas”, disse.
Rohani foi questionado pelo criador do Fórum, Klaus Schwab, se o ‘novo Irã’ manterá relações pacíficas com todos os países, sem exceção — referindo-se, indiretamente, aos Estados Unidos e a Israel. A plateia deixou escapar risos. O presidente riu também e afirmou que o país está disposto a manter relações pacíficas com todas as nações, “mesmo que tenha havido desavenças no passado”. Em entrevista exclusiva à TV suíça, Rohani respondeu, de maneira indireta, a uma pergunta sobre a possibilidade de reabertura de uma embaixada dos Estados Unidos em Teerã. “Nenhuma animosidade dura eternamente, assim como nenhuma amizade dura eternamente. Então precisamos transformar animosidade em amizade”, disse.
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