Em um aceno ao mercado financeiro, o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, vem se encontrando com economistas, gestores e analistas do setor. Uma dessas reuniões aconteceu nesta semana com o economista André Perfeito, da Spinelli Corretora.
Em um café da manhã na casa de Haddad, na zona sul de São Paulo, os dois conversaram sobre política econômica, monetária e fiscal. “Ele disse que vai fazer um ajuste fiscal, que essa é uma convicção dele. E que vai encaminhar alguma reforma da Previdência ao Congresso”, disse Perfeito a VEJA.
No encontro, o economista afirmou a Haddad que via com preocupação a proposta de duplo mandato para o Banco Central. “Seria um pouco custoso fazer isso agora, tanto do ponto de vista financeiro quanto político. Essa novidade pode sair bastante caro para o país. Ele me pareceu aberto à ideia, não que necessariamente vá aceitá-la.”
Para Perfeito, em uma eventual vitória de Haddad, a tendência é que o petista procure montar um ministério ecumênico, com membros ortodoxos e heterodoxos. “Essa sempre foi também uma característica de Lula, muito pragmático: dava uma no cravo e outra na ferradura.”
Sobre a aproximação de Haddad com o mercado, André Perfeito diz acreditar que o petista deve ter se sentido à vontade para expor suas ideias agora. “Ele parece estar trazendo para si a campanha, colocando a cara dele. Hoje existe um distanciamento meio forçado do mercado. O mercado nunca comprou o PT.”
O economista da Spinelli disse que saiu do encontro com uma impressão de Haddad melhor do que tinha antes. “Se fosse ouvir só o mercado, ficaria com a impressão ruim o tempo todo.”