Em mais um dia de queda das ações das empresas de Eike Batista na Bovespa, o grupo EBX pendura, no Hotel Glória, adquirido pelo grupo em 2008, a placa de “vende-se”. De acordo com o jornal ‘Valor Econômico’ desta quinta-feira, a EBX decidiu passar adiante o Glória, comprado por 80 milhões de reais há cinco anos, por não ter conseguido um parceiro para operar o empreendimento.
A partir de então, o Hotel Glória foi rebatizado de Glória Palace, passa por reformas desde 2010 e integra o braço imobiliário dos negócios de Eike, a REX. Segundo a EBX, no momento, está avançada a negociação de um acordo com uma bandeira internacional que fará adaptações no projeto e deve assumir o Glória. A empresa não quis comentar a venda da operação.
Desde o início do ano, o grupo procura um parceiro para operar o hotel (um deles é a rede Four Seasons). Mas, como não fechou negócio até agora, a possibilidade de venda foi aventada, segundo o jornal. As reformas do Glória contam com o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas as obras atrasaram, conforme noticiou o site de VEJA na ocasião. Tal fato foi negado pela assessoria de imprensa da empresa, mesmo que a Marina da Glória, local onde está o hotel, não conte com vestígios de operários trabalhando na obra. Os trabalhos são internos, de finalização, esclareceu a EBX, ao ‘Valor’.
O Glória faz parte do grande projeto idealizado por Eike para a região da Marina. A área, apesar de longe da faixa turística mais valorizada – a faixa de mar que vai de Copacabana, passa por Ipanema e chega ao Leblon, na Zona Sul – tem tradição. Era, até pouco antes do fechamento para reforma, a hospedagem preferencial dos presidentes da república.
O Glória Palace foi pensado para ser integrado à área de eventos que Eike pretende criar na Marina da Glória. O projeto, no entanto, vem sofrendo críticas e se arrasta em meio à resistência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Uma decisão da 11ª Vara da Justiça Federal do Rio, motivada por uma ação popular impetrada em 1999, cancelou o contrato entre a Prefeitura do Rio e a Empresa Brasileira de Terraplanagem e Engenharia (EBTE), que administrou o local de 1996 a 2009. A EBTE foi comprada pela REX, empresa de Eike Batista que planeja reformular a Marina. Diante da decisão, a REX não pode colocar em prática o projeto de revitalização, que prevê a construção de um centro de convenções e a instalação de 50 lojas. Na sentença, o juiz Vigdor Teitel afirma que a exploração comercial não pode ser o principal objetivo do equipamento.
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Inferno astral – Não só o Glória, mas boa parte das empresas de Eike passa por momentos sombrios, em busca de novos investidores. Em março, a MPX Energia vendeu 24,5% de seu capital social para a alemã E.ON – total de 141.544.637 de ações por aproximadamente 1,415 bilhão de reais. Com a aquisição, a participação da E.ON no capital da MPX aumentará para 36,2%.
Na semana passada foi a vez de a OGX vender uma participação de 40% à Petronas, empresa produtora de petróleo e gás natural do governo da Malásia. O negócio foi fechado por 850 milhões de dólares. Pelo contrato, a OGX segue como operadora nas concessões dos blocos BM-C-39 e BM-C-40, que estão localizados no Campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos.
Mesmo diante do rumor de que poderia se desfazer de ativos da OGX para se capitalizar, Eike arrematou a concessão de 13 blocos exploratórios na Margem Equatorial e na Bacia do Parnaíba durante a 11ª Rodada de Licitações, realizada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em maio.
O grupo passou a contar com o suporte do banco BTG Pactual, de André Esteves, para o ajudar a reestruturar suas operações. Especulações de mercado ainda não confirmadas dizem que, recentemente, 50 pessoas foram demitidas da diretoria de Sustentabilidade e outras tantas saíram da Tesouraria, Jurídico e Suprimentos. A OSX, empresa naval de Eike, demitiu cerca de 150 profissionais próprios, ligados diretamente às atividades do estaleiro no Porto do Açu (RJ).
Com a redução da estimativa das reservas dos blocos de petróleo, o mercado externo adverso e investidores preocupados com a venda de participação do Eike na empresa, a OGX viu suas ações derreterem nos últimos dias. Até o pregão de quarta-feira elas caíram 76% em 2013 e chegaram a valer menos de 1 real cada no pregão desta quinta-feira. MMX e LLX lideram as maiores perdas do Ibovespa no dia.
O único alento para o bilionário é que, até o momento, seus negócios continuam merecendo a confiança do BNDES. Em abril, a mineradora MMX concluiu a contratação da suplementação de financiamento para o porto Sudeste junto à instituição no valor de 935 milhões de reais, com prazo de pagamento de dez anos.
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