A Anheuser-Busch InBev, maior cervejaria do mundo, divulgou um de seus trimestres mais fracos em anos. Atraso nos aumentos de preços, operações de hedge (proteção) cambial e vendas menores no Brasil por causa da recessão afetaram o resultado.
O lucro da companhia no terceiro trimestre caiu 2%, para 4 bilhões de dólares, abaixo da média de previsões de analistas de 4,43 bilhões de dólares, segundo pesquisa da agência Reuters. Foi o primeiro declínio anual desde que a AB InBev foi formada com a aquisição da Anheuser-Busch pela InBev, em 2008.
A fabricante de marcas como Budweiser, Corona e Stella Artois também cortou previsão para o crescimento da receita do ano inteiro, após as vendas caírem pelo quarto trimestre consecutivo em seu segundo maior mercado, o Brasil. “A maior parte de nossos mercados apresentou resultados sólidos. No entanto, esses resultados foram negativamente impactados por um trimestre muito fraco no Brasil”, disse o diretor financeiro da empresa, Felipe Dutra.
Desse modo, a cervejaria com sede na Bélgica já não espera que a receita de 2016 no Brasil fique estável e reduziu a previsão geral para o faturamento por hectolitro para crescimento em linha com a inflação ante uma previsão anterior de alta acima da inflação.
Ambev
A fabricante de bebidas Ambev registrou lucro líquido 3,2 bilhões de reais no terceiro trimestre, crescimento de 3,6% em relação ao desempenho apresentado no mesmo período de 2015. “O terceiro trimestre provou ser o mais difícil trimestre de um ano já muito desafiador”, afirmou a companhia, acrescentando estar “profundamente desapontada” com a queda de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) no Brasil, de 31,3% no terceiro trimestre, que pressionou o resultado consolidado.
A receita líquida de cerveja no Brasil da empresa caiu 5,3% e sua média de participação de mercado no período diminuiu em relação ao ano anterior, embora tenha tido melhora ante o segundo trimestre, disse a Ambev, afirmando que retornou ao seu intervalo histórico de participação de mercado e ao melhor nível de participação de mercado no ano. Às 11h30, o papel da companhia caía 2,82% na Bovespa, a 18,93 reais.
A Ambev afirmou ainda que prevê que o custo de produtos vendidos no Brasil, seu principal mercado, cresça entre “um dígito médio e um dígito alto no ano”, algo em torno de 5% a 9%, e que as despesas gerais e administrativas no país subam “um dígito baixo” este ano.
Os investimentos do grupo no Brasil devem encerrar o ano em patamar menor que o de 2015. Nos primeiros nove meses do ano, a Ambev investiu no país 1,4 bilhão de reais.
Na visão de analistas do UBS, investidores devem ficar desapontados com o resultado e devem estar interessados em ouvir mais sobre os planos da Ambev para compensar as dificuldades em relação a custos e demandas.
A companhia disse que vem impulsionando iniciativas dentre suas plataformas comerciais, buscando fortalecer o negócio de maneira estrutural.
(Com Reuters)