Nos próximos 15 anos, os gastos das empresas privadas de saúde vão quase triplicar, passando de cerca de 106 bilhões de reais por ano para 283 bilhões de reais – com impactos para todo o sistema de saúde suplementar, incluindo os cerca de 54 milhões de beneficiários. Segundo projeções do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), o gatilho para um salto tão expressivo em um prazo tão curto é a mudança na demografia: o brasileiro não só está ficando mais velho, como vive mais e sente os contratempos que a longevidade costuma acarretar sobre a saúde.
Luiz Augusto Carneiro, superintendente do IESS, projeta um cenário “preocupante”. “Nossas projeções mostram que os custos vão crescer muito e rapidamente. As empresas e os beneficiários precisam se preparar desde já para as mudanças”, diz ele.
Carneiro destaca que será uma tarefa coletiva. As empresas terão de rever a gestão, buscar ganhos de eficiência e até repensar o tipo de serviço. Os beneficiários, por sua vez, terão de pensar a vida – e os cuidados com a saúde no longo prazo. Entender a matemática financeira da demografia, avalia ele, dá algumas pistas sobre o que fazer.
A premissa é que não há como deter o passar do tempo: os gastos com saúde avançam com o envelhecimento. Segundo o estudo, beneficiários de planos privados no Brasil com menos de 18 anos custam cerca de 1 mil reais – por ano. A conta com idosos acima de 80 passa de 1 mil reais – por mês.
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Reestruturação – Na avaliação de Mario Scheffer, especialista em sistemas de saúde e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o setor terá “um grande desafio” para enfrentar o envelhecimento do brasileiro. “A maioria dos planos não só foi montada para jovens como expulsa o idoso”, diz.
A lista de ineficiências do sistema é longa, segundo ele. As redes credenciadas não têm profissionais e serviços adequados para a terceira idade, as mensalidades encarecem muito à medida que o beneficiário ganha idade, não há sistemas de bônus e preços diferenciados pelo perfil dos usuários, a maioria das empresas não tem nem sequer programas de prevenção.
(Com Estadão Conteúdo)