A crise internacional representa uma chance para o Brasil crescer, acredita a presidente da República, Dilma Rousseff. “Vamos transformar a crise em oportunidade para melhorar as condições de nosso país de produzir, crescer e distribuir renda”, disse nesta sexta-feira durante cerimônia de batismo da plataforma P-59, no município baiano de Maragogipe. Ela anunciou que seu governo reduzirá impostos, além de manter investimentos e subsídios aos mais pobres.
A presidente também enfatizou que a sexta economia do mundo não cortará nenhum direito trabalhista, reforçará as medidas de estímulo e evitará que a moeda brasileira se aprecie em relação ao dólar, de modo a proteger a indústria – setor mais atingido pela crise. Dilma elogiou ainda a decisão do Banco Central de levar a taxa básica de juros (Selic) para o patamar mínimo da história brasileira, de 8% ao ano.
“O Brasil está em outro caminho, o nosso caminho não é igual ao deles (países desenvolvidos)”, afirmou. No discurso, a presidente lembrou que o país atualmente “reparte o bolo”, enquanto as nações europeias vivem uma realidade de desemprego, corte de salários e redução dos benefícios dos trabalhadores. “Tem países europeus com taxa de desemprego de 25%”, ressaltou. “O nosso caminho não é caminho de tirar o direito de trabalhadores. O nosso caminho é outro”, destacou.
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Para Dilma, o Brasil vai se “transformar em uma das maiores nações do mundo”, pois tem pessoas alegres. “Tenho imensa confiança na capacidade do meu povo de enfrentar desafios e encontrar soluções”, argumentou, sob aplausos. Ela também destacou que o Brasil vive uma realidade “nunca antes vista” e citou medidas do governo, como redução de juros e uma taxa de câmbio que impede que a indústria seja sucateada, além de indicar a perspectiva de redução de impostos.
Emprego – Dilma garantiu ainda que o Brasil continuará a criar vagas de emprego e a expandir a renda da população brasileira. “Vamos enfrentar desafios para garantir à população emprego de qualidade”, assegurou em seu discurso.
Vestida com um blusão laranja da Petrobras, Dilma disse que é da época, não tão distante, em que diziam que o país deveria importar tudo e transferir o dinheiro para as viúvas e trabalhadores de outros países. “Mas nós teimamos, primeiro porque somos capazes sim de construir plataformas, de ter achado o pré-sal e, depois de vinte anos, estamos construindo a primeira sonda no país. Por que não seríamos capazes de construir uma plataforma?”. A presidente afirmou que essas conquistas derivam do “bom nível” das indústrias e trabalhadores brasileiros. “O mais interessante é que nós fomos a segunda maior indústria naval do mundo, até os anos oitenta”, acrescentou.
Elogio a Lula – Na avaliação dela, foi por “teimosia” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o país mostrou-se capaz de produzir uma plataforma de petróleo como a inaugurada nesta sexta-feira. “Este brasileiro teimou, teimou que somos capazes sim de construir plataformas e nós, hoje, estamos aqui, depois de uma enormidade de anos, construindo a primeira sonda novamente no Brasil.” E emendou: “Isso é um imenso orgulho, mas, sobretudo, uma promessa de futuro, o que tem aqui não é só aço, sistema computadorizado. Aqui está um caminho de futuro”, destacou.
Além da presidente, participaram da cerimônia de batismo da plataforma a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster; o governador da Bahia, Jacques Wagner (PT); o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão; e o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli, dentre outros.
(com Agência Estado e Agence France-Presse)