Credor da OGX questiona pagamento a OSX
Em conversa com investidores da OGX, escritório de advocacia e corretora levantaram dúvidas sobre indenização a ser paga para a OSX
O escritório advocacia americano Bingham McCutchen, especializado em casos de reestruturação de dívida, insolvência e litígios corporativos, e a corretora Nomura realizaram nesta quarta-feira uma conferência telefônica com detentores de bônus de dívida da OGX, segundo fontes próximas a ambas as empresas. Uma das questões levantadas foi o pagamento de indenização à OSX, estaleiro, em compensação aos gastos que a empresa teve com uma encomenda cancelada pela petroleira. Ambas as empresas – OGX e OSX pertencem ao mesmo grupo, a EBX, de Eike Batista.
O OGX tem 3,6 bilhões de dólares em bônus de dívida emitidos no exterior, com vencimento em 2018 e 2022. �Há muita preocupação entre os credores da OGX diante da falta de informações para justificar o pagamento�, disse uma fonte da Bingham. �Os credores temem que a OGX não esteja pagando um valor justo, ou, em outras palavras, repassando dinheiro para a OSX por qualquer outra razão. “Não sabemos o que estão fazendo, não sabemos o que diz o contrato entre ambas companhias, se especificam esse pagamento, de que forma, por qual valor”, disseram.
Depois de anunciar que poderá interromper a produção de óleo em alguns de seus campos, a OGX afirmou que pagaria à OSX 449 milhões de dólares para compensar a empresa de gastos já ocorridos por causa da encomenda cancelada e também pelo “direito ora estipulado em favor da OGX, nos contratos de afretamento do FPSO OSX-3 e WHP-2, no sentido de poder terminar esses contratos, sem ônus, a partir do 13º e 12º anos”.
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Segundo a fonte, embora a companhia tenha divulgado alguns detalhes, não respondeu o que a OGX ganha com isso, prosseguiu. “�Nossa experiência diz que quando uma empresa envia muito dinheiro para um afiliado e não explica o motivo, normalmente é injusto�”, acrescentou.
A mesma fonte disse ainda que a exposição do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na OGX e na OSX traz questionamentos. �A exposição do BNDES na OSX é muito maior do que na OGX e há dúvidas se tal pagamento não acabará beneficiando o banco e prejudicando os credores�, afirmou.
Procurado, o BNDES reiterou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a exposição direta atual do banco ao Grupo EBX, o conglomerado que reúne as empresas de Eike Batista, representa uma parcela muito pequena do patrimônio líquido de referência do BNDES.
O banco também ressaltou que, do volume total contratado, nem tudo foi liberado. O valor total das operações contratadas com o Grupo EBX, é de R$ 10,4 bilhões. O BNDES não revela qual é o valor contratado por cada uma das empresas.
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