Além de ocasionar uma parada súbita da economia global, a pandemia do coronavírus suspendeu voos, fechou aeroportos e fronteiras, em decorrência das medidas para reduzir a disseminação da Covid-19. A restrição do transporte aéreo tem levado à retenção de encomendas e correspondências postais com destino ao Brasil em diversos países, diante da queda do número de voos internacionais e, consequentemente, do limite de volume para embarque. Diante desse impasse, os correios brasileiro e chinês firmaram acordo para viabilizar o transporte de encomendas e documentos vindos da China por meio marítimo. A decisão atende solicitação da União Postal Universal (UPU) – agência especializada das Nações Unidas que coordena o sistema postal internacional – para os países flexibilizarem os modais de encaminhamento e desburocratizar a entrada de cargas postais pelas alfândegas mundiais.
Um volume considerável de objetos postados na China com destino ao Brasil estava retido no país asiático, sem perspectiva de envio. “Devido à grande quantidade de carga represada dos sites de e-commerce chineses, o correio daquele país foi um dos primeiros a optar pelo encaminhamento marítimo. Com o acordo, queremos garantir a continuidade do serviço postal e, assim, atender às expectativas dos consumidores brasileiros”, afirma o presidente dos Correios, Floriano Peixoto. A chegada dos primeiros carregamentos ao Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), no Paraná, está prevista para este sábado, 30. Segundo a companhia, a escolha do porto paranaense se deve à proximidade do centro internacional da empresa em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. A unidade é responsável pelo recebimento e desembaraço de grande parte das encomendas internacionais que chegam ao Brasil. Outras duas remessas de objetos vindas da China por meio marítimo estão previstas para chegar no porto de Paranaguá em meados de junho e em julho.
A China representa um mercado crescente no segmento do e-commerce internacional e, consequentemente, está atraindo uma boa parcela dos consumidores brasileiros. O modal marítimo sempre esteve disponível como uma via de transporte na malha postal internacional, porém nunca foi utilizado regularmente devido à grande oferta de voos. A continuidade do novo serviço no pós-pandemia ainda é uma decisão a ser avaliada pelos Correios. De qualquer maneira, a modalidade se mostra atrativa, dado o volume envolvido e os custos operacionais e de transporte quando comparados ao modal aéreo. A principal desvantagem é o tempo que a mercadoria demora para chegar ao destino. O período do transporte em si, sem levar em consideração o tempo antes e depois do embarque, da China até o Brasil é de sete dias por via aérea, prazo bem inferior aos cerca de 45 dias por via marítima.
O fechamento de novas parcerias com outros países está no radar dos Correios, principalmente devido ao aumento no fluxo postal no e-commerce. Porém, segundo a empresa, para haver uma mudança de plataforma de encaminhamento, é necessária uma demanda contínua e considerável para compensar a operação. E isso, por enquanto, só acontece no gigantesco mercado chinês.