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Coronavírus faz IPCA registrar deflação em abril pela 1ª vez na história

Dramática paralisia na economia leva o índice de inflação ficar em -0,31%; combustíveis recuaram 9,59% no mês, já alimentos subiram 1,79%

Por Larissa Quintino Atualizado em 8 Maio 2020, 09h30 - Publicado em 8 Maio 2020, 09h08
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  • A paralisia da economia com a queda da demanda como consequência do novo coronavírus fez o Brasil registrar deflação em abril. É a primeira vez em 25 anos, desde que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, a inflação oficial do país) é medido, que o mês registra variação de preços negativa. O comportamento descendente da inflação neste mês foi puxado, principalmente, pela retração nos preços dos combustíveis. Com a derrocada dos preços do petróleo, a gasolina recuou 9,31% no período e etanol 13,51%. A queda, entretanto, atingiu quase todos os grupos. A deflação no mês só não foi mais severa porque o preço dos alimentos subiu 1,79%, com pressão na alimentação dentro de casa. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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    A deflação acontece quando os preços de produtos e serviços caem em um determinado período. É um movimento contrário ao da inflação, quando os preços sobem. Uma das principais causas da deflação prolongada é a economia em crise, quando os consumidores compram menos e forçam as empresas a reduzirem preços. O comportamento de inflação baixa foi uma das razões que fizeram com que o Comitê de Política Monetária (Copom) fizesse um novo corte na taxa básica de juros, a Selic, como forma de estímulo monetário. O corte de 0,75 ponto porcentual. No acumulado deste ano, o IPCA registra alta de 0,22%, e, em 12 meses, a variação foi de 2,40%, abaixo dos 3,30% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. A meta de inflação perseguida pelo governo para este ano é de 4%.

    Além de ser a primeira vez desde que se iniciou a série histórica do IPCA que o índice é negativo para a abril, o resultado é a menor variação mensal desde agosto de 1998, quando a queda chegou a -0,51%, informou o IBGE. O tombo mostra a dramática crise causada pela queda da demanda trazida pelo coronavírus. Com restrições de deslocamento e menos dinheiro, os brasileiros estão comprando menos, e isso empurra os preços para baixo. 

    O grupo Transportes (que abrange o preço dos combustíveis e tem o maior peso no consumo das famílias) teve a maior influência no resultado, com queda de 2,66%. Além da gasolina e do etanol, o diesel também recuou no período, caindo 6.09% em relação ao mês anterior. A menor demanda por combustível devido a restrições de deslocamento provocadas pela pandemia, além do choque nos preços do petróleo, derrubou o preço dos combustíveis nas bombas em todo o país.

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    Outro grupo a apresentar queda mais intensa em abril foi Artigos de Residência (-1,37%). Destaque para os eletrodomésticos e móveis, cujos preços haviam subido em fevereiro e março e registraram agora quedas de 3,58% e 2,92%, respectivamente. Esses itens não são de primeira necessidade e a venda destes produtos foi afetada pela pandemia do coronavírus. Com o fechamento de comércios e serviços não essenciais devido a pandemia, muitas lojas que vendem eletrodomésticos estão fechadas. Também apresentaram queda habitação, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais e comunicação. Os gastos com educação não tiveram variação no mês.

    Alimentação acelera

    No lado das altas, destaque para Alimentação e bebidas, com alta de 2,46% no período. O item alimentação no domicílio foi destaque, com variação de 2,24% no mês. Esse aumento também é explicado pela pandemia de Covid-19. Com as medidas de distanciamento social, muitas pessoas estão trabalhando de casa ou sem trabalhar, o que pressiona os preços de alimentação dentro de casa, já que esse consumo é maior. A cebola (34,83%), batata-inglesa (22,81%), feijão-carioca (17,29%) e leite longa vida (9,59%). Já as carnes (-2,01%) apresentaram queda pelo quarto mês consecutivo, com ainda mais intensidade que no mês anterior (-0,30%).

    “Há uma relação da restrição de oferta, natural nos primeiros meses do ano, e do aumento da demanda provocado pela pandemia de Covid-19, com as pessoas indo mais ao mercado, cozinhando mais em casa”, aponta Kislanov.

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    Apesar da restrição de deslocamentos, o item alimentação fora do domicílio, também subiu, passando de 0,51% em março para 0,76% em abril. A aceleração pode ser explicada pela alta na demanda por delivery. O item lanche subiu 3,07%. Já a refeição registrou deflação (-0,13%) pelo segundo mês consecutivo.

    Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados no período de 31 de março a 29 de abril de 2020 (referência) com os preços vigentes no período de 3 a 30 de março de 2020 (base). Em virtude do quadro de emergência de saúde pública causado pela Covid-19, o IBGE suspendeu, no dia 18 de março, a coleta presencial de preços nos locais de compra. A partir dessa data, os preços passaram a ser coletados por outros meios, como pesquisas realizadas em sites de internet, por telefone ou por e-mail.

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