O resultado da reunião desta quarta-feira do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) para definir os rumos da Selic, a taxa básica de juros da economia, não deve surpreender. Analistas dão como certa a manutenção da taxa em 10,75% ao ano.
Caso se concretize, a decisão pela manutenção da Selic ocorre em um momento delicado para a economia, sobretudo em relação ao câmbio. Economistas ouvidos pelo site de VEJA avaliam que uma redução da Selic seria mais eficaz para controlar a valorização do real do que a medida de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 4% para 6% – como fez o ministério da Fazenda no início da semana. No entanto, o governo parece nem mesmo considerar a hipótese de uma redução. A expectativa é de que, a partir de 2011, a taxa volte a subir e atinja 12% no final do ano.
O investidor estrangeiro, que busca no Brasil retornos mais significativos para suas aplicações de curto prazo, é beneficiado pela atual taxa de juros brasileira. Apesar de já ter alcançado um número superior a 20% em outras épocas, a Selic a 10,75% ainda continua atrativa se comparada às taxas próximas de 1% (ou até 0%) praticadas nos EUA, Europa e Japão. Mesmo em países da América Latina, como Colômbia e Chile, a taxa básica de juros não ultrapassa 3%.
Inflação – o principal argumento do governo para manter a Selic ao patamar em que está é o controle da inflação. A meta central de inflação é de 4,5% para 2010 e 2011 – com tolerância de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo. De acordo com o último relatório Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, os economistas estimam que o IPCA fique em 5,2% em 2010 e 4,99% em 2011 – o que denota o cumprimento da meta para ambos os anos.