A presidente Dilma Rousseff deu uma entrevista a redes de rádio do interior de São Paulo, nesta terça-feira, em que explicou aos ouvintes, em ‘dilmês’ castiço, sua análise sobre vários aspectos da economia brasileira e mundial. Segundo a transcrição da entrevista, que pode ser lida na íntegra no site do Palácio do Planalto, a presidente persiste na mesma retórica de que tudo o que acontece de ruim no Brasil, hoje, decorre da crise internacional. O fato que justifica tal afirmação é o derretimento das bolsas internacionais na segunda-feira, com investidores preocupados com o futuro da China.
LEIA TAMBÉM:
Instabilidade na China piora percepção de risco do Brasil
Seis fatos que você deve saber sobre a queda das bolsas
Mercado prevê recessão maior em 2015 e 2016
“A inflação? O governo está fazendo o possível para controlar. A recessão? O mundo passa por uma grande crise derivada do fim do ciclo das commodities. O desemprego em alta? Acontece nas melhores famílias! É culpa da China! O lado bom é que o governo está tentando contornar a situação. Mas, por favor, não sejam pessimistas porque a economia gira com base em expectativas. Por isso, tenhamos boas expectativas.” Traduzindo, foi mais ou menos assim que a presidente conduziu a entrevista, num momento em que o Brasil enfrenta uma conjunção de problemas econômicos e políticos que exigiriam do chefe de governo alguma transparência ao serem explicados ao grande público.
Diante da mínima histórica nos índices de aprovação da presidente, dificilmente o discurso terá convencido o ouvinte mais desavisado. Mas, mesmo que tenha sido um discurso para surdos, é grave que uma chefe de Estado afirme, no momento em que a boa fé de sua gestão é colocada em xeque pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que seu governo foi “prudente” ao lidar com as mazelas econômicas. Leia abaixo as principais pérolas do discurso da presidente – devidamente traduzidas. As aspas, contudo, guardam todas as características do ‘original’, com a licença poética que é garantida à governante.