Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Brasil propõe na OMC plano contra desequilíbrios cambiais

Embaixador brasileiro quer aprofundar discussões sobre o papel do órgão em meio aos problemas cambiais enfrentados pelos países

Por Da Redação
5 nov 2012, 16h24
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O Brasil apresentou nesta segunda-feira perante a Organização Mundial do Comércio (OMC) um novo documento no qual propõe aos países-membros considerar um roteiro que permita enfrentar os desequilíbrios cambiais e seu impacto no comércio. A delegação brasileira apresentou o documento ao Grupo de Trabalho sobre Comércio, Dívida e Finanças da OMC, para que seja analisado no final do mês. “Essa reunião será a primeira oportunidade para uma interação significativa e profunda entre os membros sobre este tema”, afirmou em entrevista coletiva o representante permanente do Brasil na OMC, o embaixador Roberto Azevedo.

    Publicidade

    É antigo o discurso de insatisfação do Brasil, que não cansa de reclamar que se sente prejudicado pela valorização do real e atribui a isso sua pouca competitividade no comércio internacional. Para tentar mitigar os efeitos dessa valorização, os governantes têm lançado mão de alternativas heterodoxas: de um lado, o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investidores estrangeiro; do outro, a adoção de medidas protecionistas para impedir a entrada de importados e beneficiar a indústria nacional.

    Publicidade

    Leia também:

    Dilma mira o avanço, mas cai no protecionismo

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Por protecionismo, países ricos pressionam Brasil na OMC

    A explicação para tais ações de “defesa comercial”, como o Brasil as chama, são os desequilíbrios cambiais. Azevedo explicou que o Brasil não está falando de desequilíbrios pontuais, mas de “desalinhamentos que podem durar 10, 20 ou 25 anos”, que têm um impacto tangível no comércio e que deveriam abrir a porta para que a OMC consagrasse o direito dos países afetados a variar suas políticas tarifárias.

    Publicidade

    O embaixador brasileiro explicou que o documento apresentado não inclui uma receita para criar o mecanismo que permita estabelecer quando um país pode adotar medidas tarifárias por causa do impacto dos desequilíbrios cambiais, mas procura encaminhar as conversas a esse respeito no seio da OMC. “Não vemos esta conversa com uma receita já pronta. Temos ideias vagas sobre o mecanismo”, admitiu Azevedo.

    Continua após a publicidade

    O debate foi lançado em abril de 2011 e retomado em março deste ano em um seminário a portas fechadas realizado na OMC, a pedido do Brasil, no qual os países-membros chegaram à conclusão que esta organização não dispõe de mecanismos adequados para fazer frente às oscilações e desalinhamentos das divisas.

    Publicidade

    No entanto, concordaram que a OMC é a instituição adequada para tratar o impacto que este fenômeno tem no comércio, razão pela qual o Brasil quer impulsionar o debate sobre a maneira de melhorar seus instrumentos de avaliação. Para lançar o debate – “que não vai avançar rápido e será longo e tortuoso”, segundo o embaixador -, o Brasil propõe uma série de parâmetros a examinar nas conversas.

    Entre as ideias propostas estão: qual tipo de detonante poderia autorizar remédios sistêmicos; qual seria o prazo adequado para a aplicação desses remédios; devem ser aplicados a um produto específico ou a todo um setor; e se deve haver uma pesquisa prévia e quem deve iniciar a ação. O embaixador destacou ainda que o problema dos desequilíbrios cambiais não tem a ver apenas com as políticas internas de cada país, mas com o contexto internacional.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    O argumento do Brasil é que, por esta mesma lógica, um país não pode fazer frente ao impacto negativo do desequilíbrio de sua divisa mediante políticas internas, e por isso deve ser encontrada a fórmula para resistir a este efeito em curto prazo.

    Azevedo assegurou que o Brasil não se transformou em paladino desta causa porque o real esteja atualmente sobrevalorizado, lembrando que a divisa brasileira mostra ‘claros picos cíclicos’, de modo que o que agora lhe prejudica pode beneficiar-lhe no futuro. “O Brasil nunca defenderia uma solução na OMC que fosse uma ameaça para suas exportações quase metade do tempo”, disse.

    O protecionismo e a OMC

    Para os especialistas, podem ser consideradas protecionistas quaisquer medidas que favorecem as atividades nacionais em detrimento da concorrência estrangeira. O oposto desta doutrina é o livre-comércio. Já a Organização Mundial do Comércio (OMC) limita-se a classificar como protecionista toda situação em que um país fere as regras de comércio internacional, levantando barreiras à entrada de produtos. Estas podem ser divididas em dois grandes grupos: tarifárias e não-tarifárias.

    Tarifárias: Dizem respeito à imposição de alíquotas de importação. Cada país acorda individualmente com a OMC um porcentual-teto que poderá cobrar quando produtos estrangeiros entrarem em seu mercado. No caso brasileiro, essa alíquota de importação é de até 35% na maioria dos casos – há exceções para alguns produtos. Os países são livres, porém, para fazer acordos comerciais (a exemplo do Mercosul) em que privilegiam parceiros com tarifas menores.

    Não-tarifárias: Referem-se a todas as restrições à entrada de mercadorias importadas por meio de exigências técnicas, sanitárias, ambientais, laborais, e de restrição de quantidade (cotas).

    Continua após a publicidade

    Além disso, um país é considerado protecionista quando:

    – Discrimina uma nação (com exceção dos acordos comerciais já firmados entre países). Não é considerado protecionismo, porém, quando as medidas impostas pelo país são feitas para compensar práticas desleais de comércio, como o dumping, por exemplo – situação em que a empresa de determinada nação vende produtos no exterior a preços menores que no mercado local.

    – Discrimina a comercialização de produtos importados, impedindo, por exemplo, que sejam livremente transacionados no país.

    Continua após a publicidade

    – Limita a transparência das informações sobre suas políticas comerciais e industriais.

    – A OMC não tem regras claras sobre a manipulação do câmbio.

    (Com EFE)

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.