O dólar à vista no balcão já renovou a mínima várias vezes a partir do momento em que o Banco Central (BC) anunciou nova oferta de swap cambial, que equivale a uma venda de dólar no mercado futuro. Antes desse leilão, a deterioração de mercado externo no fim da manhã havia reconduzido o dólar à vista para uma máxima de 2,1030 reais (+1,15%) às 11h42. Tal patamar levou o BC a agir. Com a ação da autoridade monetária, a cotação da moeda americana passou a operar em queda. Às 13h20, o valor da divisa mostrava queda de 0,71% para 2,0657 reais.
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Oferta – Pouco antes do meio-dia, o BC anunciou uma oferta de até 80 mil contratos de swap cambial com vencimentos em 2 de julho e 1º de agosto de 2012. Parte dessa oferta visa zerar um resíduo do vencimento de 2,4 bilhões de dólares em swap cambial reverso em 1º de julho, já que 91% desse total foi zerado ontem com dois leilões de swap cambial. Este contrato ‘reverso’ equivale a uma compra de dólares, o que poderia alimentar ainda mais a alta da moeda. O BC tem feito intervenções pontuais no câmbio desde a última sexta-feira.
A outra parcela de swap cambial vendido nesta quarta-feira representa oferta nova de contratos. Mesmo testando novas mínimas, o dólar no mercado local pode retomar o sinal positivo, disse um operador, já que o euro opera no patamar de 1,25 dólar em meio a comentários divergentes de líderes da União Europeia sobre como combater a crise da dívida na zona do euro e incentivar o crescimento econômico no bloco. Após tocar a mínima de 1,2563 dólar, o euro estava cotado a 1,2573 dólar às 12h39, ante 1,2684 dólar no fim da tarde de terça-feira em Nova York.
BC de olho – De acordo com o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, a decisão de fazer leilões de swap cambial envolvendo até 4 bilhões de dólares indica que a autoridade monetária percebeu excesso de volatilidade no mercado. “O BC age para que o mercado opere apropriadamente. O BC identificou que o mercado não operava de forma adequada e agiu para que isso ocorra”, afirmou a jornalistas, após detalhar em entrevista o Boletim Regional Trimestral de abril.
Ele ressaltou, porém, que o BC não tem compromisso com qualquer taxa do dólar em relação ao real. “O câmbio repercute (neste momento) a piora da aversão a risco internacional”.
A escalada da moeda americana também não preocupa. Perguntado se a mudança do patamar do dólar ante o real, de 1,75 real em 6 de março, até esta quarta-feira, quando chegou a bater 2,10 reais, Carlos Hamilton mostrou-se tranquilo. “Há momentos em que o câmbio sobe e depois desce”, disse, completando que “é importante lembrar que o câmbio é flutuante”.
O diretor endossou a fala nesta semana do presidente do BC, Alexandre Tombini, de que o repasse do dólar alto para a inflação tem diminuído, observando “que varia de acordo com as condições da economia”. Tombini havia informado que esse repasse está ao redor de 3% no curto prazo e de 8% no horizonte mais longo.
Negativo – O fluxo cambial acumulado em maio até o dia 18 está negativo em 1,511 bilhão de dólares. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo BC, mais da metade da saída líquida de recursos foi registrada na semana passada, quando 872 milhões de dólares deixaram o país.
(Com Agência Estado)