O resultado do terceiro trimestre ainda está aquém das necessidades de crescimento de um país de 210 milhões de pessoas. Mas a alta do PIB de 0,6% contra o trimestre anterior e o avanço de 1% no acumulado dos três primeiros quartos do ano mostram uma aceleração inequívoca da economia.
VEJA, na edição 2660, mostrou que os motores estavam aquecidos e que fortes sinais de retomada já estavam dados. Entre eles: alta de 34% na geração de emprego; bolsa de valores em patamares recordes refletindo aumento dos lucros; aumento da confiança do consumidor e do empresário; além dos avanços da produção industrial, das vendas no varejo e do setor de serviços.
Até a última semana, economistas consultados pelo Banco Central entendiam que o país cresceria 1% em todo o ano de 2019. Contudo, com as revisões de PIB dos trimestres anteriores, o país alcançou este patamar antes mesmo do último, que será o melhor trimestre. Um fator preponderante pesa sobre esse cenário: a liberação do FGTS terá um impacto muito maior no consumo das famílias.
Agora, haverá um show de revisões ascendentes. E este é o cenário que o governo queria. O ministro da Economia, Paulo Guedes, há algumas semanas, tentou incutir no debate econômico a ideia de que existiria um PIB Privado — que cresce 2% — e um PIB Público — que cai 1% no ano. A surpresa positiva desta terça-feira, 3, servirá de palco para Guedes vender sua ideia: finalmente a iniciativa privada está saindo de debaixo da asa do governo para voar sozinha.
A principal prova de que isto está acontecendo é o aumento dos investimentos. A Formação Bruta de Capital Fixo no terceiro trimestre aumentou 2%. No ano, cresce 3,1%. Com sorte, pode fechar 2019 com uma alta de 4%. Em contraposição, o consumo do governo — que até poucos anos era o que puxava para cima a conta de investimentos — cai 0,7% no ano. Ou seja, quem está injetando capital para bens de longo prazo é a iniciativa privada, ou seja, os empresários.
É fato que ainda há muito o que melhorar e que não tem um único problema sequer resolvido pela gestão de Guedes — a pobreza avançou, o saneamento básico piorou, o déficit habitacional aumentou e a desigualdade de renda de um salto. Isso, não será resolvido pela iniciativa privada, mas pelo poder público. Apesar dos problemas que ainda precisam ser endereçados, não existem mais dúvidas de que os rumos da economia estão corretos.