A persistência da inflação fez com que, no mês passado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmasse que a alta dos preços em março foi uma “surpresa”. Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgado nesta terça-feira, 10, o termo surpresa volta a definir a alta dos preços e a gasolina tem papel de destaque. Segundo o BC, a reajuste do item tem “impacto maior e mais rápido do que era previsto”. Com a persistência da inflação, o Copom elevou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, chegando a 12,75% ao ano.
“A inflação ao consumidor segue elevada, com alta disseminada entre vários componentes, se mostrando mais persistente que o antecipado. A inflação de serviços e de bens industriais se mantém alta, e os recentes choques levaram a um forte aumento nos componentes ligados a alimentos e combustíveis. As leituras recentes vieram acima do esperado e a surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos mais associados à inflação subjacente. Nos itens mais voláteis, continua se destacando o aumento do preço da gasolina, com impacto maior e mais rápido do que era previsto”, destaca o relatório sobre a conjuntura econômica.
A alta dos combustíveis tem grande influência na inflação. Além do custo para o transporte subir, os preços mais altos da gasolina e do diesel influenciam toda a cadeia de produção. No ano, a Petrobras reajustou a gasolina duas vezes e o diesel, três — a última alta começa a valer nessa terça, com o produto ficando 9% mais caro na refinaria. Há expectativa que a estatal anuncie uma nova alta da gasolina nos próximos dias, já que a gasolina continua defasada — o que preocupa ainda mais em termos de inflação, que segue acumulada acima dos dois dígitos em doze meses.
Juros
Na ata da reunião, o Copom indica que deve continuar a política contracionista (de juros mais altos), mas deve dosar a magnitude da alta para conter o ritmo de desaceleração econômica mais forte que o esperado.
O ciclo de alta na taxa de juros começou em março do ano passado, quando a Selic saiu dos 2% ao ano, a mínima histórica, para os atuais 12,75%.