O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou nesta terça-feira, pela primeira vez, que a política fiscal adotada pelo governo Dilma Rousseff não apenas foi ineficaz para gerar crescimento, como também comprometeu a economia do país.
Segundo o presidente do BC, as medidas adotadas “não só não promoveram crescimento como comprometeram a economia do país”. Ele ressaltou que o que o Brasil faz neste momento é restabelecer o esforço fiscal, com o objetivo de se preparar para “um novo ciclo”. “Temos de enfrentar esse período de desaceleração da economia. Ter um sistema saudável capaz de enfrentar esse período”, disse.
O presidente do BC prevê que ocorrerá ao longo dos próximos meses uma queda na inflação, com redução significativa do índice no começo do ano que vem. Para Tombini, a expectativa do mercado de que a inflação termine 2016 em 5,5% é positiva, “porém não suficiente para o cumprimento do nosso objetivo”, que é atingir o centro da meta, de 4,5%. Segundo Tombini, há um evento importante neste ano, que é a normalização das condições monetárias da economia americana, ou seja, a subida dos juros já prevista pelo Federal Reserve.
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BNDES – O presidente do BC ainda disse que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem fatia grande no mercado de crédito de longo prazo. Ele lembrou que o banco, seguindo orientação dos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, vai atuar com recursos escassos, estimulando o mercado de capitais. “É importante fazer com que os recursos escassos do BNDES sirvam para alavancar o mercado de capitais brasileiro, que avançou bastante nas últimas décadas, mas precisa avançar nos instrumentos de dívidas do setor privado”, disse. Ele ressaltou que a medida deve incentivar a emissão de debêntures de infraestrutura, que têm como objetivo fazer com que o crescimento não fique dependente do BNDES.
Questionado sobre o índice elevado apresentado pela inflação, apesar das altas nas taxas de juros, Tombini respondeu que alguns fatores levaram a esse movimento, citando a valorização internacional do dólar e o reajuste de preços administrados. “O que nós estamos fazendo é circunscrever esses ajustes a esse ano de 2015”, disse.
Tombini disse ainda que o processo de monitoramento de lavagem de dinheiro no país está funcionando e que o banco tem um sistema de prevenção à lavagem de dinheiro. “O que cabe ao BC, temos que nos certificar que as instituições estão seguindo as políticas de prevenção”, afirmou.
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(Com Estadão Conteúdo)