A escolha do cantor americano Bob Dylan como vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, nesta quinta-feira, veio como uma surpresa para a imprensa dos Estados Unidos e para os veículos internacionais. Descrito pelo jornal britânico The Guardian como “um dos nomes mais influentes da música popular mundial”, Dylan quebrou a tradição do prêmio, que costumava escolher figuras majoritariamente reconhecidas por livros de ficção.
“Não pense duas vezes, está certo”, anunciou a rede de TV americana ABC sobre a vitória de Dylan. “Muitos especialistas o deixaram de fora das especulações, pensando que academia não estenderia seu prêmio centenário ao mundo da música. Eles estavam errados”, disse o canal. “Um titã da música americana”, definiu a rádio NPR. “Poucos discordariam que Dylan foi qualquer coisa senão influente, tanto nos Estados Unidos quanto além de suas fronteiras”, definiu a NPR.
Conhecida por suas críticas, porém, a revista americana New Republic, definiu o prêmio como um erro. “Se o prêmio Nobel de Literatura quer reconhecer um músico, então deveria criar uma premiação para a música”. Segundo a revista, “não há como negar” que o fator emocional da obra de Dylan vem principalmente “da melodia, não da linguagem”.
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Apesar de ser uma quebra de tradição, a escolha foi vista como justa pela imprensa francesa. Para o jornal Le Monde, “Dylan é sozinho uma síntese da história americana, a poesia surrealista da Geração Beat, a militância política da década de 60, o lamento do blues, a energia rebelde do rock e a crônica da vida diária no país”.
O jornal italiano La Repubblica ressaltou a importância revolucionária de Dylan para a música. “Nas suas canções há literatura, poesia, divertimento, política, entretenimento, vida, história. Coisas que a canção popular frequentava pouco até o momento”, escreveu o jornal.
Controvérsias nos bastidores
O britânico The Guardian comentou também que algumas polêmicas internas podem ter marcado a escolha por Dylan. Segundo o jornal, o prêmio deveria ter sido entregue na semana passada, como as medalhas de paz e ciência, mas a Academia tratou a mudança como uma “questão logística”. Bjorn Wiman, editor de cultura do suíço Dagens Nyheter, disse que “absolutamente não é uma questão de calendário, mas discordâncias no processo para escolher um vencedor”.