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Porchat feminista: ‘Não ser estuprado não é privilégio’

No quadro 'Teste Vocacional', o humorista vai viver experiências, como um treinamento do exército; 'Programa do Porchat' reestreia na próxima segunda, 5

Por Leandro Nomura e Maria Carolina Maia
Atualizado em 25 mar 2021, 16h14 - Publicado em 28 fev 2018, 12h30
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  • De visual novo, de cabelo “verde piscina”, como descreve, o humorista Fabio Porchat estreia na próxima segunda-feira, 5 de março, a terceira temporada do seu programa na Record. VEJA acompanhou gravações com a atriz Maitê Proença, entrevista que será exibida na quarta, 8 de março, Dia Internacional da Mulher. A ex-global falou sobre sua saída da emissora carioca, sobre viagem à Índia, e topou uma brincadeira vestida de Daenerys Targaryen, personagem da série Game of Thrones (HBO).

    No intervalo da gravação, Porchat recebeu a reportagem em seu camarim para contar seus planos para 2018, para a TV, cinema e internet e também para comentar os casos de assédio no universo do entretenimento.

    Para o Programa do Porchat, ele não promete grandes mudanças. Diz que “em time que está ganhando não se mexe”, mas confirma a reestreia do quadro Teste Vocacional, no qual ele e colegas de elenco irão fazer experiências como participar de um treinamento do Exército, um jogo de futebol americano, apresentações num show de drag queen e num clube das mulheres.

     

    Quais as novidades da terceira temporada? A novidade é que ele continua, isso é uma vitória. O Programa do Porchat funcionou. A gente está no ar há um ano e meio, com a mentalidade de que em time que está ganhando não se mexe. Tá dando certo, as pessoas estão gostando, a gente está ouvindo coisas boas. No fundo, um talk show não muda muito o formato. A gentw mantém os quadros e também a banda Pedra Letícia, o Paulo Vieira. Houve apenas pequenas mudanças de cenário.

    E tem um quadro novo? Tem o Teste Vocacional, em que eu, o Paulo Vieira e o (Fabiano) Cambota, fazemos alguma coisa que a gente nunca tinha feito antes. A gente começou esse quadro em dezembro, então, vai praticamente estrear agora. A gente vai jogar futebol americano, vai ao treino, faz uma partida. A gente faz aquele telecatch, de luta livre. Vamos agora ao Exército, fazer um treinamento para ver se sobrevive a isso. A gente vai fazer um clube das mulheres e um show drag (queen) também. Se tudo der errado aqui, a gente abre um lugarzinho para dançar.

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    E quem serão os convidados? A gente gravou agora com a Maitê Proença, para o Dia Internacional da Mulher, que é na primeira semana. Vai ter Jojo Todynho, PC Siqueira, Rafinha Bastos e Cauê Moura num mesmo dia, porque eles têm um programa no YouTube (Ilha de Barbados). A estreia, nem te conto, que é para não jogar areia. Vamos gravá-la só no dia, na segunda-feira que vem. A gente também vai gravar um esquete sobre o Oscar no dia da estreia, pois vai ser um dia depois da premiação, com comentários dos filmes que você não viu. Eu e o Paulo Vieira de senhoras apresentando o Oscar.

    Quanto mais as pessoas forem tomando o poder, melhor. Alguém um dia me perguntou: ‘Que privilégio você tem e acha que não deveria ter mais?’. Eu acho é que todo mundo deveria ter todos os privilégios, porque não ser espancado na rua não é um privilégio

    Você pintou o cabelo para essa estreia? Na verdade, eu pintei o cabelo para um filme com a Dani Calabresa, que é o Mude de Vida, Pergunte-me Como. A gente filmou em janeiro e fevereiro, até o Carnaval, para estrear no final do ano, provavelmente em novembro, e eu estava com o cabelo preto. E agora estou fazendo a transição para o loiro e fica esse verde piscina. Como é um programa de humor, tudo bem. Acho que, se o Celso Freitas aparecesse com esse cabelo no Jornal da Record, ia ser um pouco pior.

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    Como é o filme? É a história de um cara que foi mandado embora, acabou com a mulher e está com a vida destruída. No aeroporto, há várias pessoas segurando plaquinhas com nomes e uma delas diz, “Marcelo Gonçalves”. Ele olha e fala: “Sou eu”. E depois descobre que esse Marcelo Gonçalves era um palestrante motivacional. Então, esse cara, que está deprimido, com uma vida horrível, vai ter que ir para um lugar e passar quatro dias enfurnado, levantando o moral de um grupo. Quem contratou ele foi a personagem da Dani Calabresa e obviamente ele vai se apaixonando por ela. É uma comédia romântica. Então, tem essa coisa de você mudar de vida, de você jogar tudo para o alto e virar outra pessoa.

    Quem mais está no elenco? Além de mim e da Dani, tem o Paulo Vieira, Miá Mello, Otávio Müller, Maria Clara Gueiros, Evandro Mesquita, Antonio Tabet, Danilo Gentili. O roteiro é meu e o Marcelo Antunez (Polícia Federal – A Lei É para Todos e Até que a Sorte nos Separe 3) dirigiu. Não tem nada a ver com o Porta.

    E quais são os planos para o Porta? Vai ter uma série para o Comedy Central chamada Borges Limitada. É o Ian (SBF) quem está dirigindo, é uma criação dele. É sobre uma firma que faliu e os funcionários têm que se reinventar e então se tornam youtubers. Mas eu não estou nisso. Quem está é o Tabet e o Rafael Portugal. Estou escrevendo outra série do Porta para o Comedy Central, essa para o segundo semestre. Chama Homens e é sobre o modo o homem está reagindo a essa tomada de poder da mulher. É um grupo de quatro amigos, e um deles descobre que está brocha. Ele quer ajuda para entender o que está acontecendo, e eles começam a se ouvir e entender que lugar é esse do homem hoje.

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    O que você acha dessa tomada de poder das mulheres? Ótima. Bom para as mulheres, bom para os gays, para os negros, bom para todo mundo. Porque era só homem branco heterossexual que estava ali firme e forte. Então, quanto mais as pessoas forem tomando o poder, melhor. Alguém um dia me perguntou: “Que privilégio você tem e acha que não deveria ter mais?”. Eu acho é que todo mundo deveria ter todos os privilégios, porque não ser espancado na rua não é um privilégio. Não ser estuprado não deveria ser um privilégio de alguém. É um ótimo momento em que está todo mundo tentando entender, homens e mulheres, inclusive, como se colocar.

    A Maitê, que foi a sua entrevistada, já falou sobre assédio no Roda Viva. Você chegou a sofrer? Não, nunca sofri assédio. É um superprivilégio (risos). Não só não sofri assédio, como essa pergunta para mim inclusive ainda é muito louca. Nunca na minha vida eu imaginei que pudesse sofrer assédio.

    Embora mais mulheres denunciem, homens também são vítimas. Claro, totalmente. Você ouve histórias de teste do sofá. Muito mais antigamente. Acho que hoje em dia, menos. Mas antes todo mundo sabia. Vai dar para o diretor para estar na novela. Tinha esse papo.

    Você ouvia nos corredores? Eu ouvia como lenda já. Quando eu entrei nesse mundo da TV, em 2006, não tinha mais tanto. Mas nunca sofri assédio. E o mais louco é isso. Não só não sofri assédio como nunca nem me preocupei com isso, nunca nem passou pela minha cabeça. E esse é um medo constante e diário das mulheres.

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